Segundo Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), festa aconteceu na sexta (24), em Goiana, na Zona da Mata Norte. Foram abertos inquérito policial e investigação na esfera disciplinar para apurar fatos.
Uma festa realizada dentro da Cadeia Pública de Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco, teve show de um MC e uma mulher rebolando “até o chão”. Segundo a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), o caso aconteceu na sexta (24). Um servidor público foi afastado e três detentos devem ser transferidos, de acordo com o governo.
Em um vídeo, enviado ao WhatsApp da TV Globo, é possível observar parte da festa ocorrida na unidade prisional localizada na Rua Barro Vermelho, no Centro da cidade.
A cadeia abriga, atualmente, 105 homens. Três deles foram apontados por envolvimento na festa. “Por medida de segurança, não são informados os destinos e nem horários de transferências de detentos”, disse o governo.
Na imagem, aparece uma mulher de top e short pretos, que “desce até o chão”, ao som da música. Um pouco mais afastados dela, outro homem e outra mulher também dançam.
No local, uma estrutura com som e microfone está montada. Detentos, com celulares da mão, gravam a mulher dançando.
Em um determinado momento, um homem, que fez a gravação atrás de uma grade do presídio, fala palavras de baixo calão: “Gera p…., gera c…., é tudo”. Nenhum deles está com máscara de proteção contra a Covid-19.
No vídeo, é possível observar, de relance, o rosto MC que cantava no local. O g1 perguntou ao sistema penitenciário quem eram as pessoas envolvidas na festa e o nome do MC, mas a resposta da Seres foi que o caso está “sendo apurado”.
Por meio de nota, a Seres informou que o “o servidor público envolvido no fato da Cadeia Pública de Goiana foi identificado e afastado”. Um processo administrativo também foi aberto, de acordo com a secretaria.
Em relação aos detentos, a Seres informou que eles já foram identificados e devem ser transferidos para outras unidades prisionais, “onde serão submetidos ao conselho disciplinar”.
O g1 questionou quantos detentos foram identificados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Ainda por meio de nota, a Seres informou que uma inspeção na cadeira foi marcada para esta terça-feira (28), “para apreensão de materiais ilícitos”.
A Secretaria de Defesa Social (SDS) também informou que “determinou a instauração de inquérito policial e também de investigação na esfera disciplinar para apurar os fatos”.
De acordo com o órgão, as investigações ficaram a cargo da Delegacia de Goiana e da Corregedoria Geral da SDS.
“Entre as providências, estão sendo identificados todos os servidores da segurança pública escalados desse dia, seja da ativa ou da Guarda Patrimonial. A investigação, além da festa, vai apurar indício de corrupção de menores”, afirmou a SDS por meio de nota.
Por fim, a secretaria esclareceu que “as apurações iniciais poderão resultar, caso haja elementos suficientes, em afastamento cautelar de todos os servidores que estavam nessa escala, enquanto transcorrem os trabalhos investigativos”.
Por nota, o Sindicato de Policiais Penais de Pernambuco repudiou o que aconteceu na cadeia pública de Goiana e afirmou que o fato “demonstra a fragilidade da Segurança de estabelecimentos penais”.
O sindicato também informou que ingressou com ações judiciais em 2017 para a retirada dos policiais militares das guardas internas das unidades prisionais do estado e que, para isto acontecer, é necessário aumentar o número de policiais penais.