Isolamento ampliou o risco de quedas dentro de casa; ¼ da população terá mais de 60 anos até 2060
Entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, 24.239 pessoas acima dos 60 anos foram internadas no nordeste por fratura de fêmur. Idosos com idade igual ou superior a 80 anos foram a maioria, protagonizando 48,17% das internações. As mulheres apresentaram 2,2 vezes mais internações que os homens. Em contrapartida, eles apresentaram uma taxa de mortalidade maior, 3,97%. Os números são assustadores, especialmente quando dados do IBGE apontam que em 2060, cerca de um quarto da população brasileira será composta por idosos.
Durante a pandemia, o isolamento os protegeu do contágio da Covid-19, mas sem as adequações necessárias, as residências ampliaram o potencial perigo de quedas. “As pessoas ficaram muito tempo em casa, em isolamento, principalmente os idosos, acarretando uma perda de função motora, de equilíbrio, de força, de musculatura, e uma menor exposição ao sol. Isso tudo contribui para um maior risco de fraturas. Se pegarmos as causas principais de fraturas, a gente soma um osso mais frágil, já que o idoso começa a perder a massa óssea e a calcificação, com uma memória motora mais frágil, problemas de visão, como catarata, e uma musculatura mais fraca, que contribuem para o aumento de chance de mais quedas”, alertou o ortopedista da Santa Casa de Maceió, Hilton Barros, especialista em quadril.
Fraturas do fêmur em idosos preocupam por serem o tipo de paciente que, normalmente, fica hospitalizado e precisa de tratamento cirúrgico. “Uma queda no idoso pode causar outros danos, como um traumatismo craniano, fratura de outros ossos da coluna, fratura no punho, de face, ou até um trauma mais grave”, alerta o especialista.
A atuação conjunta de geriatras e ortopedistas vem reduzindo os riscos de mortalidade em pacientes idosos na Santa Casa de Maceió. Ao admitir o paciente no hospital, o geriatra avalia os riscos cardíaco, renal, pulmonar, nutricional, de tromboembolismo venoso e delirium.
“O geriatra define os exames pré-operatórios e, com base em dados clínicos e nas comorbidades preexistentes, faz a estratificação dos riscos utilizando ‘scores’ (dados em percentuais). A avaliação é apresentada ao cirurgião, a quem cabe a palavra final de acordo com o quadro clínico do paciente”, explicou a geriatra Helen Arruda, coordenadora do Serviço de Geriatria da Santa Casa de Maceió.
A avaliação de risco é decisiva em casos como o de fratura do fêmur, onde a cirurgia precisa ocorrer até 48 horas após o trauma. Por isso, a atuação da Geriatria é importante para as condutas da Ortopedia.
PREVENÇÃO Má disposição dos móveis e de objetos de decoração, piso escorregadio ou tapetes soltos possuem grande potencial de risco para quedas. Doenças específicas mais comuns entre idosos, como Parkinson, e artroses, além do aumento da probabilidade de uso de medicamentos sedativos, impactam no equilíbrio e na estabilidade, afetando sua segurança no dia a dia.
A prática de atividades físicas, com exercícios suaves como alongamento e caminhadas, e de resistência como a musculação e o pilates, bem como uma dieta adequada, rica em cálcio, presente no leite e derivados, e em vitamina D, obtida em alimentos como peixes e ovos, ajudam a fortalecer ossos e musculatura.