Próximo passo das autoridades é encontrar familiares dele. Caso ocorreu em Santos (SP).
O homem que morreu em pé, encostado em um carro estacionado em uma rua de Santos, no litoral de São Paulo, foi identificado pela Polícia Civil. Ele era um morador em situação de rua, de 51 anos, cujo nome não foi divulgado. O próximo passo das autoridades é encontrar familiares dele. Segundo apurado pelo g1, o corpo segue no Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande, e ainda não há informações sobre o que o teria vitimado.
O caso inusitado aconteceu na Praça Iguatemi Martins, próximo à travessia de catraias entre Santos e Vicente de Carvalho. As imagens viralizaram nas redes sociais, por mostrarem o homem em pé, já sem vida, encostado na lateral do veículo. A cena assustou moradores e pessoas que passavam pelo local, que acionaram a Polícia Militar.
Os proprietários do veículo receberam as imagens pouco depois, quando o corpo já havia sido deitado na via pela PM e aguardava pela remoção. Eles pensaram que era alguma brincadeira de mau gosto. “Por que, como uma pessoa fica naquela situação?”, questionou a dona.
Após as autoridades constatarem que não havia sinais de violência, o corpo foi removido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao IML de Praia Grande, e o caso foi encaminhado para o 4º Distrito Policial de Santos, que registrou como morte suspeita.
Nesta quarta-feira (12), a Polícia Civil informou ao g1 que o corpo foi identificado por meio das digitais, e que, pelas circunstâncias em que foi encontrado, o homem de 51 anos vivia em situação de rua. Agora, a equipe de investigação busca pela família da vítima, para comunicar o ocorrido. O laudo necroscópico, que determinada a causa da morte, deve ficar pronto em até 30 dias.
Espasmos podem ter deixado corpo em pé
O médico legista e atual presidente da Associação de Médicos Legistas de São Paulo, João Roberto Oba, analisou as imagens e afirmou que uma das hipóteses é de que o homem pode ter tido espasmos pouco antes de morrer, causando rigidez precoce e permitindo que o corpo dele permanecesse naquela posição.
“À princípio, todo mundo acha que tem que morrer deitado […], mas tudo vai depender do local, do momento em que essa pessoa morre”, analisa o médico legista.
“Ele pode ter tido o que a gente chama de espasmos fora do período de contratura normal, então, ele fica endurecido precocemente. Isso pode provocar o que aconteceu”, analisa. “A pessoa fica apoiada no carro [depois de morrer], e vai acontecendo a rigidez com mais rapidez”, finaliza.
Segundo ele, para levantar hipóteses, é preciso primeiro descartar a possibilidade de simulação. “Tem que descartar se não houve uma simulação, se ele não morreu em outro lugar e foi levado àquela posição”, disse.
Levando em consideração que a morte do homem ocorreu do jeito que o corpo foi encontrado pelas autoridades, em pé e apoiado no carro, o médico legista explica que uma das hipóteses é que pode ter sido apenas um caso de rigidez cadavérica, ou seja, endurecimento dos músculos.
Ele relata que esse fenômeno começa a partir de 40 minutos do óbito, e pode durar entre oito e 12 horas. “A rigidez começa da cabeça para os pés, em um processo craniocaudal. Com 12 horas, você já tem um cadáver completamente rígido”, finaliza o legista.