Marcelo da Silva foi identificado através de exame de DNA seis anos após o crime, ocorrido em Petrolina. 'Ele disse que quer ver a mãe para pedir perdão', afirmou defensora, Niedja Mônica.
A advogada que representa o homem suspeito de ter matado a facadas a menina Beatriz Angélica, numa escola particular em Petrolina, em 2015, afirmou que o cliente se arrepende do crime. Segundo a Polícia Civil, Marcelo da Silva confessou ter matado a menina depois que a Polícia Científica confirmou que o DNA dele era o mesmo que estava na faca deixada no tórax da criança.
Em entrevista exclusiva à Globo, neste sábado (15), a defensora Niedja Mônica da Silva afirmou que o cliente chora ao falar do caso e que quer pagar pelo que fez.
“Ele disse que quer ver a mãe [da menina] para pedir perdão. Porque ele disse que foi uma de uma monstruosidade muito grande e quer pagar pelo que fez. Depois que ele viu o drama da mãe, ele disse que quis contar para aliviar o coração dela, para ficar em paz. Ele usa essa expressão: ‘eu quis aliviar o coração dela para ela ficar em paz. Que realmente o culpado sou eu'”, disse a advogada.
Niedja Mônica contou que assumiu o caso após ser procurada por parentes de Marcelo. Ao ouvir o relato deles, ficou interessada pelo caso.
“Como ele é réu confesso, eu estou aqui para fazer com que a lei seja cumprida. O meu compromisso é com o processo. A gente aqui está para defender os direitos. Como ele repetiu as mesmas coisas duas vezes, creio realmente que foi ele quem fez”, declarou.
Marcelo da Silva já cumpre pena por estupro de vulnerável, ameaça e cárcere privado. Ele estava preso desde 2017 no presídio de Salgueiro, no Sertão, e foi transferido para um presídio no Grande Recife na quinta-feira (13).
Ele foi colocado numa “cela disciplina”, que está sob a vigilância de agentes do Grupo de Operações e Segurança, subordinado à Secretaria de Ressocialização.
Entenda o caso
O anúncio da autoria do crime ocorreu seis anos, um mês e um dia depois do assassinato da menina Beatriz. Também aconteceu 15 dias depois que os pais da garota percorreram mais de 700 quilômetros a pé, entre Petrolina e o Recife, para pedir justiça.
A peça-chave para o esclarecimento do caso foi a faca usada no crime. Os peritos coletaram o DNA no cabo da arma, deixada no local do homicídio. As amostras estavam misturadas ao sangue de Beatriz.
O DNA de Marcelo da Silva já estava no banco genético do estado desde 2019, quando foi feito um mapeamento de criminosos condenados.
A ex-gerente da Polícia Científica, Sandra Santos chefiou a corporação durante sete anos e saiu do cargo dias antes do anúncio da descoberta da autoria do crime. Ela disse que o DNA existente na faca só pode entrar no banco genético do estado após um aprimoramento tecnológico do material, já que, na época do crime, o estado não tinha a estrutura necessária.
Em 2021, foi obtido um “padrão ouro” do DNA encontrado na faca, esse material também foi incluído no banco genético do estado. Assim que o DNA contido na faca entrou no sistema, Marcelo da Silva foi apontado como compatível.
Por causa disso, ele foi submetido a outro recolhimento de material genético e, após diversos procedimentos, foi confirmado como o suspeito.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), Marcelo da Silva contou, em depoimento, que entrou no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora para conseguir dinheiro. Ele, que era morador de rua, usava uma faca para se defender.
No depoimento para a polícia, o suspeito teria contado que, ao vê-lo, a menina Beatriz se desesperou e, para silenciá-la, ele teria a esfaqueado. Para os pais da menina Beatriz, a motivação apontada pela SDS “não convence”.
A mãe da menina, Lucinha Mota, contou que o colégio era muito rígido, tinha protocolos de segurança e que, por isso, não acredita que a garota tenha sido morta de forma aleatória, simplesmente por ter encontrado o criminoso.