Agentes de proximidade atendem cerca de dois casos por semana
No sábado passado (14), a equipe social do Ronda no Bairro (PRB) atendeu a mais uma ocorrência de idoso perdido, desta vez no Benedito Bentes. O caso foi finalizado graças à ajuda da população, que se engajou por meio das redes sociais do Programa, o que possibilitou que os psicólogos e assistentes sociais encontrassem a família dele e realizassem o encaminhamento necessário. O problema é que nem sempre as ocorrências são concluídas assim e as dificuldades para proteger e cuidar dos idosos são cada vez maiores.
Os direitos de quem está na chamada melhor idade são garantidos pela Constituição Federal e pelo Estatuto do Idoso, instituído pela Lei 10.741, em outubro de 2003. A legislação institui o dever da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público de manter os direitos ao idoso.
Mesmo com as parcerias que o Ronda no Bairro possui por meio da equipe de Articulação e Mobilização Social, a pandemia dificultou os atendimentos a essa parcela da população, uma vez que os idosos costumam ser encontrados perdidos, desorientados e sem documentação, e os abrigos ou casas de repouso para eles se encontram sem vagas.
“Encontramos muitos idosos sozinhos. Geralmente, estão com a consciência alterada, sem documentos”, revela a chefe da Equipe de Articulação e Mobilização Social do PRB, Áurea Vasconcelos.
“Há vários casos em que o idoso foge de casa por alguma alteração mental e, também, idosos que estão em situação de rua e, quando a gente aborda, tem essa grande dificuldade. A gente não tem abrigos, não têm lares o suficiente para atendê-los. Alguns, não têm aposentadoria, o que complica ainda mais a manutenção mínima, entre outros problemas”, completa.
NEGLIGÊNCIA – Os atendimentos a idosos perdidos chegam à média de dois casos por semana, segundo a equipe. O descuido com os idosos tende a acontecer de forma natural por parte dos familiares e não significa, necessariamente, que os parentes não tenham interesse em cuidar deles. É um problema que vai além. “As pessoas não se preparam para o envelhecimento dos pais. Muitas vezes, o idoso se aposentou, está lúcido, orientado, mas, ele vai ter um desgaste neurológico, porque ele está envelhecendo. Os filhos estão trabalhando e não tem como deixar com um cuidador. Como esse processo de envelhecimento é gradativo, os filhos não percebem que os pais estão começando a ter problemas de memória. E aí, esse idoso sai sem documento e acaba se perdendo”, explica Áurea.
A falta de cuidado tende a ocasionar problemas de saúde mental, com o idoso começando a se sentir sozinho e esquecido pela família, e potencializa outras questões. “O idoso fica sozinho ou em situações precárias de alimentação, higiene, e quando ele consegue lembrar o endereço dele e a equipe leva em casa, percebe-se uma situação vulnerável mesmo, na qual ele não tem como comer ou fazer a higiene básica, porque não tem alguém ali orientando, ajudando-o com a rotina”, conclui.
COMO AJUDAR – Caso encontre algum idoso que pareça estar perdido, a sociedade pode ajudar acionando a equipe social do Ronda no Bairro, nas regiões onde o Programa atua (Centro, Jacintinho, Orla e Benedito Bentes), ligando para o número (82) 98884-7977. A ajuda também pode ser realizada solicitando apoio de alguma guarnição policial mais próxima ou encaminhando o idoso para um posto de saúde.