O pedido foi inusitado, mas a enfermeira Jakelyne Reis não hesitou em atender. Uma das centenas de crianças vacinadas contra Covid-19 em Parnamirim, na Grande Natal, pediu para que a profissional imunizasse também a sua boneca. Ela entrou na brincadeira e simulou a aplicação da vacina para proteger o brinquedo, que ganhou até adesivo colorido no braço e pirulito.
O caso aconteceu na última quarta-feira (19) no centro de vacinação montado pelo município em uma escola particular na avenida Ayrton Senna, em Cidade Verde. No dia, o município iniciava a vacinação de crianças com 5 anos de idade.
A cena foi registrada pelo fotógrafo Ney Douglas, que trabalha para a prefeitura de Parnamirim e divulgou as imagens nas suas redes sociais.
Segundo Jakelyne, a menina disse que queria levar a boneca para a escola, mas considerou que ela também precisava estar protegida contra a Covid-19.
“Ela chegou dizendo que era a bebê dela e que queria que a filha fosse vacinada para ficar protegida contra Covid para ir à escola. Fiz a simulação, sem vacina e sem agulha, e ela se vacinou depois, sem trauma. Isso criou para ela a coragem de tomar a vacina também”, contou a profissional.
De acordo com a enfermeira, essa foi a primeira vez em que recebeu um pedido do tipo, mas ela não pensou duas vezes em entrar na brincadeira da criança, porque a maioria delas tem medo da agulha. Para a profissional, essa era uma forma de aproveitar a ludicidade infantil a favor da imunização.
“A maioria das crianças que têm vindo se vacinar tem medo, mas depois que tomam (a vacina) dizem que nem doeu. É uma vacinação que demora mais um pouco, porque a gente tem que lidar também com isso, mas elas saem sem trauma”, contou Jakelyne.
O fotógrafo Ney Douglas conta que estava no local registrando a vacinação, quando observou a chegada da criança com a mãe e ouviu o pedido à enfermeira.
“O que me espantou foi a reação da enfermeira, que poderia ter ignorado para apenas fazer o trabalho dela, mas de pronto ela perguntou se a menina queria botar a boneca no colo, pegou a seringa, fez todos os gestos como se estivesse aplicando em um humano e ainda colocou o adesivo no braço e deu o pirulito para a boneca”, relatou.
“O que admirou foi essa parte lúdica que a enfermeira foi capaz de proporcionar à menina e aos pais. Isso diminui o medo e cria uma confiança maior. Minha maior gratificação foi ver essa criança vacinada”, considerou.