Polícia

Casal denuncia agressão policial durante abordagem em grota no bairro do Feitosa

População chegou a realizar um protesto na manhã desta segunda-feira, 24. Caso será denunciado à corregedoria da Polícia Militar.

O casal Marcelo Vieira e Jaqueline Souza afirma ter sido vítima de violência policial, no último sábado (22) na porta da casa deles na comunidade da Grota do Neno, no bairro do Feitosa, em Maceió. Segundo a denúncia, militares de uma guarnição Rotam teriam acusado o homem de roubar o próprio celular.

Reprodução Whatsapp

Protesto no Feitosa após denúncia de agressão policial

De acordo com o relatado por Marcelo em boletim de ocorrência, ele estava sentado na porta de casa, quando uma guarnição da Rotam passou, parou e perguntou a quem pertencia um celular que estava em cima de um banco. Quando respondeu que era dele, um dos policiais teria batido com o próprio aparelho em seu rosto, chegando a cortar seu nariz. Os militares questionaram então o número IMEI do telefone, ao que ele disse que não lembrava.

O homem fala que nesse momento foi chamado de “ladrão de celular”, mas que mesmo assim autorizou os militares a entrarem na casa dele para pegar a documentação que comprovaria a posse do aparelho, ao que os policiais se recusaram e teriam dado continuidade às agressões físicas e verbais.

Devido ao barulho causado pela situação, a esposa de Marcelo saiu de casa, momento em que o encontrou já desmaiado e também teria sido agredida por uma policial feminina que segurou seu braço contra as costas, dizendo que iria quebrá-lo.

Jaqueline continua dizendo que um outro policial também teria executado um golpe “mata-leão” nela enquanto outros continuavam as agressões contra o marido. Somente após pedir que vizinhos chamassem sua mãe e mais pessoas chegarem ao local foi que as agressões pararam.

O casal diz ainda que em nenhum momento os militares falaram sobre a possibilidade de apreender o aparelho ou de encaminhar Marcelo à uma delegacia, apenas o agrediram.

Protesto

Inconformados com a situação, membros da comunidade chegaram a realizar na manhã desta segunda-feira, 24, um breve protesto na Av. Governador Lamenha Filho, principal via do bairro e falaram à TV Pajuçara, que a situação relatava pelo casal tem se tornado cotidiana na localidade.

“A violência nas abordagens tem sido constante. Antigamente nós tinhamos respeito pela polícia porque eles respeitavam nós [sic]. A população nao aguenta mais a polícia. Eles fazem a gente de animal. A gente tem medo da polícia”, disse uma das entrevistadas.

Após resgistrarem o boletim de ocorrência, o casal realizou exame de corpo de delito e disse que levaria o caso à corregedoria da Polícia Militar.

“Nós estamos com medo. Eles disseram que iriam voltar. A gente vai dormir e não sabe o que vai acontecer. Queremos uma providência”, disse o casal à reportagem.

O Alagoas24Horas entrou em contato com a assessoria de comunicação da PM que respondeu ainda não ter posicionamento a respeito do caso e se comprometeu em informar ao portal quando ela estiver disponível.

Posicionamento

Na noite desta segunda-feira (24) o comandante-geral da Polícia Militar de Alagoas, coronel Wellington Bittencourt, se posicionou a respeito do caso em entrevista ao vivo online à TV Pajuçara dizendo que a população deve denunciar todo e qualquer caso de má conduta policial e que estas ações serão investigadas pela corregedoria da corporação.

O comandante fez ressalva de que posicionamento equivocados isolados não correspondem a todo o trabalho desenvolvido pela Polícia Militar de Alagoas, que como servidores públicos têm obrigação de atender à população, mas alertando que o trabalho pode exigir que eles atuem de forma mais firme quando necessário.

“A polícia militar é uma polícia cidadã que agirá contra quem prejudica a ordem pública. Não precisa ter medo da polícia como foi dito. A polícia está aqui para defender e estar ao lado do cidadão independente de classe social. (…) As ações denunciadas serão apuradas, vamos esclarecer e deixar bem certo que não existe omissão e nem ações erradas de nossos policiais Não estamos aqui para fazer pré-julgamento de quem mora lá, nem dos nossos policiais, mas agir com ética e deixar a verdade acima de tudo”.