A coordenadora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), Selma Kuckelhaus, deixou o cargo após a instituição aprovar a exigência do comprovante de vacinação contra Covid-19 em todos os prédios. Em nota, a professora diz que faz parte do grupo de servidores não imunizados e que ficou em “desacordo com a gestão”.
A decisão de exigir o comprovante de vacinação completa para entrada em qualquer prédio da instituição foi tomada na quinta, em reunião do Conselho de Administração (CAD) da UnB. A medida entra em vigor em 15 dias.
Em nota, a UnB afirma que “permanece guiada pela ciência e a democracia, preservando vidas” e que docentes em cargo de coordenação de curso podem deixar a função por decisão própria. “No cumprimento de sua missão, a UnB orienta que, além da adoção dos protocolos de segurança, toda a população esteja vacinada”, disse.
No texto divulgado pela professora, ela diz que é “sensível ao momento pandêmico”, mas alega que a segurança e eficácia da vacinação “suscitam inúmeros questionamentos”. Especialistas e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, descartam essa tese e asseguram que os imunizantes são seguros, testados e eficazes.
A Faculdade de Medicina da UnB, inclusive, participou dos testes com a CoronaVac, ainda em 2020. Os estudos na capital foram coordenados pelo atual diretor da unidade, Gustavo Romero.
Selma afirma que considera o passaporte obrigatório uma “incongruência”, já que há pessoas que se recuperaram da Covid-19 e têm “imunidade natural”. Entretanto, há casos comprovados de reinfecção pelo novo coronavírus, inclusive no Distrito Federal, e estudos mostram que pessoas que se infectaram ainda transmitem o vírus.
“Sou árdua defensora das liberdades individuais”, afirma na carta.
A proposta para exigência do comprovante de vacinação foi aprovada com 47 votos favoráveis e duas abstenções. Segundo o texto, as unidades acadêmicas e administrativas, “quando estritamente necessário, podem deliberar por não permitir a participação em atividades específicas, executadas fora da Universidade, como estágios, trabalho de campo e viagens, daqueles que não estejam completamente vacinados contra Covid-19”.
A medida vale para qualquer pessoa, inclusive visitantes. Ainda de acordo com a proposta, a vacinação só é considerada completa após o recebimento de todas as doses disponibilizadas no período no DF, inclusive as de reforço.
Durante a reunião, a reitora da UnB, Márcia Abrahão, disse que a determinação é também um recado:
“É muito importante, além da decisão em si, a sinalização que dá para a comunidade interna e externa sobre a importância da vacinação, para que a gente ultrapasse este momento e outros que virão na pandemia”, afirmou.
A UnB retomou as aulas, referentes ao segundo semestre letivo de 2021, no dia 17 de janeiro. Algumas unidades retomaram os encontros presenciais, como no campus de Ceilândia, na Faculdade de Tecnologia e na Faculdade de Ciências da Saúde.
Outras unidades decidiram adiar o retorno das atividades presenciais, como a Faculdade de Medicina, a Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária e a Faculdade de Direito, devido ao alto índice de casos diários de Covid-19.