Justiça

Gari baleado em ação da PM recebe alta, mas decide não voltar para casa por medo

Informação foi confirmada pelo advogado de denúncia da vítima em entrevista. Crime terá reprodução simulada

No mesmo dia em que teve a prisão preventiva revogada, o gari Walquides Santos da Silva, 26 anos, baleado nas costas durante uma ação da Polícia Militar na Vila Emater, em Maceió, recebeu alta médica na tarde desta sexta-feira, 28. Ele estava há 15 dias internado no Hospital Geral do Estado (HGE).

Em entrevista à TV Pajuçara, o advogado Gualter Baltazar, que faz a defesa do gari, informou que mesmo com a alta hospitalar o jovem não deverá dicar em sua casa, no bairro onde o fato aconteceu. A motivação é o medo de que algo aconteça a ele. O endereço provisório de Walquides já foi informado à Justiça e deve ser mantido em sigilo.

Familiares e amigos do gari e moradores da localidade foram até o HGE para celebrar a alta médica. Além disso, pessoas com cartazes com frases como “A favela venceu” e “A justiça de Deus não falha” recepcionaram Walquides em sua comunidade. Ele fez questão de ir até o local agradecer o apoio.

Durante o tempo em que ficou internado na unidade médica, o jovem ficou algemado, já que um dia após a prisão, a polícia abriu um processo contra o rapaz, que foi acusado de tráfico de drogas. Por essa razão, a família de Walquides não pôde visitá-lo, o que levou a realização de pelo menos dois protestos. Os irmãos do gari contam também que foram ameaçados para ficarem calados. O caso será investigado por uma comissão especial da Polícia Civil.

Reprodução / Redes Sociais

Familiares e amigos alegam que Walquides Santos, conhecido como Everton, foi preso injustamente

Reprodução Simulada

Ainda na tarde de hoje, a Justiça acatou o pedido do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) e determinou a reprodução simulada dos fatos do caso. Segundo a decisão, a polícia tem 30 dias para cumprir a determinação judicial. O pedido feito pelo promotor de Justiça Thiago Chacon Delgado incluiu ainda que a simulação conte com a participação dos policiais e do investigado.

Além da simulação, foi pedido a realização de outras diligências, como uma perícia papiloscópica na arma de fogo, nas munições, na balança de precisão e nas drogas apresentados pela polícia como pertencente a Walquides; e requisição de imagens de câmeras de vigilância, porventura, existentes nas proximidades do local do fato, seja nas residências e comércios da localidade, da UPA do Jacintinho, do HGE e, até mesmo, das câmeras do Estado e do Município, localizadas nas vias públicas, nos dias e horários pertinentes ao esclarecimentos dos fatos.

O promotor quer ainda que o reconhecimento de Walquides – feito pelos policiais -, seja formalizado, já que os policiais relatam ter feito o reconhecimento ao chegarem no HGE, onde a vítima está internada. Outras testemunhas, funcionários do HGE, que tenham, porventura, presenciado o ato de reconhecimento pessoal feito pelos policiais também deverão ser descritas e depois ouvidas e qualificadas, indicando as circunstância desse reconhecimento.

Delgado requer também a identificação de outras testemunhas do fato, sejam moradores ou comerciantes das proximidades do local da abordagem policial. Além do interrogatório de Walquides, a ser realizado no local onde ele possa ser ouvido.

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Decisão publicada hoje no Diário de Justiça Eletrônico