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Ex-advogado de Leniel Borel, pai do menino Henry, passa a defender Jairinho em processo de tortura contra filha de ex

Flavio Fernandes irá representar ex-vereador na primeira audiência do caso na quarta-feira (2). Advogado disse que não há conflito de interesses porque não realizou nenhum ato processual no caso que apura a morte de Henry, nem teve acesso a informações privilegiadas.

Reprodução / Redes Sociais

O advogado Flavio Fernandes agora defende Jairinho

O advogado Flavio Fernandes, que representou o engenheiro Leniel Borel no processo que apura a morte do filho dele, Henry Borel, deixou o caso para defender Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, em outro processo.

No dia 25 de janeiro, Flavio entregou uma petição à 2ª Vara Criminal da Comarca de Bangu como representante jurídico de Jairinho e solicitando acesso aos autos do processo que julga o ex-vereador pelo crime de tortura contra a filha de uma ex-namorada dele, entre os anos de 2011 e 2012.

A primeira audiência do caso, que corre em segredo de Justiça, acontece na quarta-feira (2) com Flavio Fernandes e a advogada Marta Catarina Ferreira conduzindo a defesa de Jairinho.

Coronel Jairo, pai de Jairinho, comemorou a chegada do novo defensor com um post em suas redes sociais.

“Meu advogado Dr. Flavio Fernandes está assumindo a defesa de todos os casos em trâmite no juízo monocrático”, escreveu ele na legenda de uma foto em que aparece ao lado do advogado.

Coronel Jairo e Flavio Fernandes: parceria anunciada nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes sociais

Já Flavio preferiu usar as redes sociais para emitir uma nota negando que haja qualquer conflito de interesses em acusar um réu e depois passar para a sua defesa em processo diferente.

“O escritório Flavio Fernandes Advogados, em resposta as publicações e vídeos sensacionalistas a respeito do ingresso nos processos de Jairo Souza Santos Junior, o ex-vereador Jairinho, esclarece que não está atuando no caso Henry Borel. Apesar de outrora ter se habilitado como assistente da acusação, não realizou qualquer ato processual, não teve acesso a quaisquer informações privilegiadas, desistindo da posição em curtíssimo tempo (menos de 3 meses)”, diz o trecho inicial da nota.

Depois, defende a causa escolhida e critica o que chama de “influência sensacionalista da mídia”.

“O escritório escolhe bem as causas em que atua, em 21 anos de advocacia preza pelo processo penal democrático, tem compromisso com os principio e garantias constitucionais e repudia a influência sensacionalista da mass media sobre os fatos jurídicos, que por vezes condena antecipadamente pessoas sem provas”, encerra.

Traição

Leniel Borel, pai de Henry, criticou a mudança de lado do advogado.

“Já não basta ter perdido meu filho, ainda tenho que lidar com isso. Ver um homem que defendia a memória do Henry agora defender o seu assassino”, disse.

O processo em que Flavio Fernandes vai defender Jairinho foi elaborado em cima de uma denúncia do Ministério Público, que afirma que o ex-vereador teria torturado a filha da ex-namorada, uma cabeleireira, entre os anos de 2011 e 2012.

Segundo o MP, a criança, então com 4 anos, foi submetida a intenso sofrimento físico e mental, como forma de castigo pessoal.

A juíza Luciana Mocco Moreira Lima, que aceitou a denúncia do MP, disse em sua decisão que a criança prestou depoimento no setor especial da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, “narrando de forma detalhada as inúmeras agressões sofridas”.

De acordo a denúncia, Jairinho aproveitava as oportunidades em que se encontrava sozinho com a enteada para torturá-la física e mentalmente.

“Tem-se que o denunciado batia com a cabeça da vítima contra diversos lugares, chutava e desferia socos contra a barriga da criança, além de afundá-la na piscina colocando seu pé sobre sua barriga, afogando-a, e de torcer seu braço”, diz o documento do MP.