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Justiça do Rio mantém prisão de Totta, Belo e Dezenove pela morte de Moïse

Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta; e Fábio Pirineus da Silva, o Belo; e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, tiveram as prisões temporárias decretadas e mantidas em audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (3).

A Justiça do Rio manteve, nesta quinta-feira (3), a prisão de dois homens pela morte do congolês Moïse Kabagambe no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, no dia 24 de janeiro.

Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta; e Fábio Pirineus da Silva, o Belo; e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, tiveram as prisões temporárias decretadas e mantidas em audiência de custódia nesta tarde, em Benfica, na Zona Norte.

A polícia afirma que os três são os assassinos de Moïse. Todos trabalham na praia, mas nenhum é funcionário do quiosque Tropicália.

O trio foi detido na terça-feira (1º) e deve responder por homicídio duplamente qualificado — por impossibilidade de defesa da vítima e meio cruel. O processo corre em sigilo.

À polícia, os três negaram que a intenção deles fosse matar e que o motivo das agressões fosse preconceito pela raça ou origem do jovem.

Quem são os presos

Fábio Pirineus da Silva, o Belo, 37 anos

Fábio Silva, preso pela morte de Moïse, foi o primeiro a dar pauladas no congolês — Foto: Reprodução/TV Globo

Aparece nas imagens de camiseta regata.

Vendedor de caipirinhas na praia, Belo confessou à polícia que deu pauladas em Moïse. Nas imagens, dá para ver que é Belo quem pega o bastão de madeira e inicia as agressões enquanto Brendon tenta imobilizar o congolês.

Ele estava escondido na casa de parentes em Paciência, na Zona Oeste.

Fábio tinha passagens pela polícia. Uma delas por ter agredido a ex-mulher e a outra por não pagar pensão alimentícia.

Belo, segundo o dono do quiosque Tropicália, chegou a questioná-lo se as câmeras do local estavam gravando.

O que disse em depoimento:

  • que Moïse sempre arrumou confusão com banhistas e trabalhadores;
  • que viu o congolês tentando agredir o funcionário do quiosque Tropicália que aparece de camisa listrada nas imagens;
  • admitiu ter batido várias vezes, mesmo com Moïse imobilizado;
  • que não tinha a intenção de agredir até a morte e que a agressão não foi combinada.

Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, 21 anos

Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota — Foto: Reprodução/TV Globo

Brendon Alexander Luz da Silva, conhecido como Tota, é quem parte para a briga com Moïse quando o congolês tenta mais uma vez pegar uma cerveja no freezer. Eles Inicialmente se estranham verbalmente até que Tota derruba Moïse com um golpe de jiu-jítsu conhecido como “baiana”.

Ainda usando técnicas da luta, ele domina o congolês e o mantém imobilizado por vários minutos, enquanto Fábio e depois Aleson o agridem com pauladas.

Tota trabalha na Barraca do Juninho, na areia da Praia da Barra, em frente ao quiosque Tropicália.

Brendon não tinha passagem pela polícia.

O que disse em depoimento:

  • que a briga começou para defender o funcionário conhecido como Baixinho;
  • que, por ser lutador de jiu-jitsu, derrubou e imobilizou Moïse, que teria reagido;
  • que quando o congolês parou de resistir, decidiu amarrá-lo;
  • alegou que apenas segurou Moïse, mas não o estrangulou e está com a “consciência tranquila”.

Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, 29 anos

Aleson aparece no vídeo dando várias pauladas com Moïse já imóvel no chão — Foto: Reprodução

Aparece nas imagens de camisa vermelha de uma torcida do Flamengo e boné.

Em vídeo (veja abaixo), admitiu ter participado das agressões e disse que “ninguém queria tirar a vida” de Moïse.

Ele se apresentou à polícia na terça-feira (1º) na 34ª DP e depois foi levado para a DH, onde foi ouvido.

É cozinheiro e trabalha no quiosque do Biruta, que fica ao lado do Tropicália.

Tem três passagens pela polícia, uma delas por extorsão, porte ilegal de armas e corrupção de menores. Em 2014, Aleson e um adolescente fizeram um sequestro-relâmpago na Barra da Tijuca. Aleson foi preso e o adolescente apreendido, e o caso foi arquivado em 2016.

O que disse em depoimento:

  • negou que Moïse estivesse cobrando uma dívida;
  • e que o real motivo das agressões foi o comportamento agressivo do congolês que, segundo ele, estava bêbado e arrumando confusão há alguns dias;
  • que resolveu bater no congolês para “extravasar a raiva”;
  • admitiu que exagerou nas agressões.