Política

Guedes tenta ‘barrar’ PEC dos Combustíveis com base na lei eleitoral

Marcelo Camargo / Agência Brasil

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, está montando uma força tarefa para mudar a opinião do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a PEC dos combustíveis. Na opinião dele, a redução dos impostos precisa ser direcionada apenas para o óleo diesel, excluindo o etanol e a gasolina.

Guedes tenta usar as barreiras impostas pela legislação eleitoral para barrar a PEC. A lei veda a concessão de benefícios em ano de eleições.

A proposta de emenda à constituição apresentada na semana passada pelo deputado Cristiano Áureo (PP-RJ) no Congresso Nacional visa permitir zerar os impostos federais e estaduais sobre todos os combustíveis. O parlamentar é amigo do ministro da casa civil Ciro Nogueira, um dos mais empolgados com a PEC. A proposta pode gerar um impacto de R$ 54 bilhões para o governo federal.

A articulação política feita nos bastidores por Guedes não foi bem vista pelo Congresso e muito menos no mercado financeiro. Na visão de parlamentares e especialistas, Guedes estaria jogando contra o mercado, deixando vários setores da economia na mão. Para o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a intenção do ministro Paulo Guedes pode piorar o cenário econômico.

Por isso é preciso ter um equilíbrio para que o combustível de uma forma geral tenha uma redução para que todos os setores saiam ganhando com a PEC.

“Acho que a medida em si é bem-vinda, ao baixar o preço do diesel, mas é claro que o setor produtivo conta com uma redução mais significativa no preço dos combustíveis. Principalmente o setor de serviços, que depende mais de gasolina e etanol do que por exemplo o comércio e a indústria, que dependem um pouco mais do diesel. Justamente setor de serviços, que vem apresentando dificuldades por conta dessa nova variante [do coronavírus], seria muito bem-vinda que essa PEC fosse implementada de forma completa, que ela abrangesse todos os combustíveis. Quando a gente olha os índices de inflação, os impactos, principalmente no etanol, o etanol subiu mais, inclusive que a gasolina”, afirmou Bentes.