Dono da maior torcida do Brasil, o Flamengo dá a todo jogador que atua pelo clube os dois lados da moeda: o amor e as críticas fortes que vêm da arquibancada. E um nome vive momento decisivo no clube: Andreas Pereira, que tinha compra encaminhada, mas pode ver negócio subir no telhado.
Depois de um início que encantou a torcida, o camisa 18 se tornou o vilão do vice-campeonato na Conmebol Libertadores 2021 ao perder a bola para Deyverson no lance que decretou o título do Palmeiras. De lá para cá, alterna entre apoio e críticas dos rubro-negros. E vê a pressão aumentar em momento delicado da temporada.
Andreas Pereira está emprestado pelo Manchester United até junho. Apesar de ter o acerto encaminhado, o Flamengo ainda não assinou a compra por 10 milhões de euros (R$ 57 milhões). O motivo? Um processo do Banco Central que pode fazer o clube sofrer uma penhora de R$ 127 milhões – entenda aqui o que é essa cobrança por negociações do passado e que trava a diretoria.
Existe a chance de Andreas não ser comprado?
Por conta dessa possibilidade de penhora que prejudicaria e muito o planejamento para a temporada, a ordem é clara no Flamengo: qualquer investimento alto está suspenso até que a situação seja resolvida. O recado é direto do presidente Rodolfo Landim à cúpula do futebol. Por conta disso, existe, sim, a possibilidade de Andreas Pereira ter sua compra cancelada.
O primeiro fato que pode fazer essa negociação ser cancelada é o processo do Banco Central, que não tem data para ser retomado, seguir com uma indefinição. Até o momento, o Rubro-Negro vence o processo por 1 a 0. No entanto, a ministra Regina Helena Costa, no último dia 15, pediu um tempo maior para analisar o mérito da questão. Ainda restam quatro votos. E não há uma data definida para o processo voltar a ser julgado.
Além disso, a compra de Andreas Pereira divide a diretoria rubro-negra. Na parte técnica, o jogador é aprovado por parte do conselho gestor e pela comissão técnica. Andreas é visto em situação parecida com a de Gerson: considerado importante por ajudar tecnicamente e ter potencial de revenda para a Europa.
Por outro lado, a questão financeira e a pressão da torcida trazem ainda mais divergência no conselho gestor. Uma ala vê o valor de 10 milhões de euros de compra como uma quantia bem acessível para trazer atletas de potencial técnico e de revenda, enquanto outra não.
A outra ala acha arriscado adquirir em definitivo um atleta marcado pela torcida pelo erro contra o Palmeiras. O discurso é claro: manter Andreas seria ‘comprar uma briga desnecessária’ com a torcida, que vaia o atleta com frequência no estádio, algo que voltou a se repetir após a falha contra o Vasco.
Como a novela chegará ao fim?
Como de costume, a palavra final será de Landim. O presidente costuma ouvir seus homens de confiança para tomar decisões importantes. Mas é ele quem bate o martelo.
A compra de Andreas se encaixa nesse perfil que apenas o presidente vai dar fim à novela. O processo do Banco Central é o ponto número 1 para que a compra seja feita ou não. Só que nem um eventual final feliz garante a permanência pela pressão da arquibancada e o investimento alto.
Enquanto a indefinição fica no ar, Andreas precisa retomar a confiança de parte da diretoria e a torcida para que tal investimento seja feito. O desejo do atleta é permanecer e ‘apagar a mancha’ da final de Montevidéu. Mas só o tempo dirá se ‘acordo de boca’ será mantido ou se a negociação subirá no telhado. A compra já teve bem mais força no Ninho.