Saúde

Vacina da dengue do Butantan tem resposta imune superior a 90%, segundo estudo clínico de fase 1

O estudo avançou para fase 3 em 2016 e hoje está na etapa de acompanhamento. Butantan deve finalizar pesquisa até 2024.

Divulgação

Prédio do Instituto Butantan na Zona Oeste de São Paulo

A tão esperada vacina da dengue, que vem sendo desenvolvida há mais de 10 anos pelo Instituto Butantan, induziu a geração de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.

Isso é o que revela um novo estudo de fase 1 publicado por pesquisadores da farmacêutica Merck, parceira do instituto brasileiro. Os achados foram publicados no último dia 15 de março na revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics. A vacina vem sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID).

Os resultados da fase 2 do estudo já haviam sido publicados em março de 2020 na revista The Lancet Infectious Diseases.

O estudo sobre a nova vacina da dengue avançou para fase 3 em 2016, com 17 mil voluntários, e hoje está na etapa de acompanhamento – os voluntários serão avaliados durante cinco anos.

O Instituto Butantan espera que a pesquisa seja concluída até 2024.

Segundo o centro de pesquisa paulista, este novo artigo, demonstra, mais uma vez, que a vacina tetravalente contra a dengue protege pessoas com e sem contato prévio com o vírus.

Como foi feita a pesquisa?

No estudo, 200 adultos receberam duas doses do imunizante ou placebo, para avaliar a capacidade da segunda dose de aumentar os anticorpos.

Após a primeira dose, a soroconversão, ou seja, a janela de tempo que os anticorpos tem para se defender, foi de 100% em quem já teve dengue e 92,6% em quem nunca foi infectado.

Já a dose adicional não induziu diferenças significativas, confirmando que uma única dose é suficiente para produzir resposta imunológica contra a doença.

A imunogenicidade, ou seja, a capacidade da vacina de gerar uma resposta imune, foi analisada durante um ano por meio de testes de neutralização do vírus e se manteve alta em todos os participantes.

“A vacina também se mostrou segura e sem efeitos adversos graves. As reações mais comuns foram dor de cabeça, fadiga, erupção cutânea e mialgia (dor muscular)”, disse o Butantan, em nota.