Política

Moro é ‘um a mais’ no União Brasil e não o candidato ao Planalto, diz vice-presidente do partido

Após a troca inesperada de partido de Sergio Moro, saindo do Podemos e ingressando no União Brasil – partido formado recentemente pela junção do DEM com o PSL – a candidatura do ex-juiz à presidência da República se tornou incerta. Apesar de figurar nas pesquisas de intenção de voto como o terceiro colocado na disputa pelo Planalto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL), Moro chegou a afirma nas redes sociais que seria candidato apenas a deputado federal em outubro de 2022. Para falar sobre a mudança, o vice-presidente do União Brasil, o senador José Agripino Maia, concedeu uma entrevista ao vivo ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta sexta-feira, 1º de abril. Segundo ele, o ex-juiz é muito bem-vindo ao partido, mas chega à legenda como “mais um”, não com o destaque de candidato à Presidência da República.

“[Em] uma carta-manifesto, espécie de compromisso que foi assinado pelos integrantes do Democratas, que fazem parte da Executiva Nacional do União Brasil, colocamos claramente a disposição de acolher, e acolher bem, a filiação de Sergio Moro, mas colocar sob observação a questão da presidência da República, por uma razão muito simples: o União Brasil é produto da junção do Democratas com o PSL. O Democratas, que é o meu partido, eu presidi esse partido por muitos anos, ele tem um candidato à presidência, chama-se Luiz Henrique Mandetta, que é consenso no partido. Os partidos se uniram e foramaram o União Brasil, mas o compromisso do Democratas com o Mandetta permanece. Como se pode, então, receber o ingresso de uma figura importante, como é Sergio Moro, e descartar a candidatura de Mandetta? Não! A ressalva que foi feita com a filiação de Moro é com relação à coerência e de compromisso com um fato anterior, que é a candidatura de Mandetta à presidência da República. Só Mandetta poderá dizer se continua candidato ou não. E, se não continua, porquê. Sergio Moro é muitíssimo bem-vindo e vem como um integrante de qualidade do partido, mas um a mais e não para ser candidato à presidência da República“, afirmou José Agripino Maia.

Ainda sobre Moro, o senador disse entender que o ex-juiz está em um momento importante de aprendizado, para compreender como a política funciona, antes de concorrer a cargos majoritários. “Eu acho que ele vai compreender, e já compreendeu, que na política você tem o estágio de aprendizado. Você não entra pronto e acabado para ser governador ou prefeito ou presidente da República. Você tem que aprender os procedimentos da política. E ele está nesse estágio de aprendizado. Ele deve ter percebido isso. O convívio com as pessoas, a empatia popular, isso tudo passa por momentos e estágios de acomodação. E ele deve ter percebido que era o momento dele de se adestrar na política, exercendo, claro que ele vai ser candidato e é muito provável que seja eleito com uma grande votação, ele eleito deputado federal, ele vai ser no Congresso Nacional uma referência. Vai ser uma referência partidária. E ele vai aprender os versículos da política”, disse.

Questionado sobre o estado em que fica a chamada terceira via com a saída de Moro, Agripino Maia se diz temeroso em relação ao futuro do Brasil, mas posiciona o objetivo e a função do União Brasil no quadro: eleger mais nomes para o Congresso Nacional. “Eu não acredito que João Doria vai conseguir a confluência [de partidos de centro] como Eduardo Leite conseguiria. Eu vejo os partidos de centro muito dispersos. Temo pela lamentável disputa entre Lula e Bolsonaro, esticando a corda e provocando conflitos no meio da rua no Brasil. Temo muito pelo que possa acontecer. Ao União Brasil vai caber a tarefa de buscar a eleição na maior quantidade possível de deputados e dar a sua contribuição no segundo turno, na escolha do presidente da República que nós julguemos mais conveniente ao país”, finalizou.