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Suspeito de matar vereadora tem histórico de violência e agressão, segundo família

A vereadora Elinete da Silva Sousa Angelo, de 42 anos, conhecida como Tina de Manoel de Ângelo, morta pelo ex-marido neste domingo (3), já teria sido agredida pelo seu ex-companheiro, segundo seu sobrinho, Emerson Vasconcelos. O crime aconteceu no município de Monteiro, no Cariri e a política atuava na cidade de Prata, na mesma região da Paraíba. Ela foi eleita vereadora da cidade em 2020, com cerca de 260 votos. O ex-marido ainda não foi preso.

Segundo informações da Polícia Militar, Tina e o marido tinham se separado há pouco tempo, e ele não aceitava a separação, o que possivelmente provocou o crime.

De acordo o sobrinho, eles estavam separados há cerca de 45 dias. Tina era a segunda esposa do suspeito, Manoel Angelo da Silva. No primeiro casamento, ele agredia a companheira, mãe de suas três filhas, conforme Emerson.

“Ele tinha histórico de agressividade. Vivia em brigas com os irmãos por uma herança dos pais dele. Inclusive com casos violências”, disse.

Ele relata ainda que no início do casamento com Tina, há cerca de 18 anos, ele a agredia bastante, mas a violência tinha parado e eles aparentavam viver bem.

Apesar disso, a relação vinha passando por crises desde o final de 2021 e ele teria tentado agredi-la antes da separação.

Há cerca de 20 dias, o sobrinho conta que o suspeito perseguiu a vítima até a casa dela. Ela estava participando de um evento alusivo ao Dia da Mulher, oito de março.

“Ele estava lá no local, aí alertaram ela que ele estava olhando muito pra ela de forma diferente. Ela saiu escondida, ele percebeu a ausência, se dirigiu até a casa da cidade, que ela havia comprado recentemente depois que se elegeu vereadora. Aí ele chegou lá, ela gritou, e ele disse que só tinha ido pegar uns documentos e ela mandou ele ir embora. Uma mulher também chegou na hora”, escreveu o sobrinho da vítima.

Apesar disso, a vereadora não tinha nenhuma queixa registrada contra o ex-companheiro.

Vereadora morta no Cariri da Paraíba já estava sendo perseguida e ex-marido tinha histórico de agressão, segundo família — Foto: Emerson Vasconcelos/Arquivo pessoal

A Polícia pede que para quem tiver informações sobre o paradeiro do suspeito possa repassar informações para colaborar com as investigações através do contato da 14ª Delegacia de Polícia Civil de Monteiro, no telefone (83) 3351-2147 ou 197. O sigilo é absoluto.

O corpo da vereadora deve ser velado na Câmara de Vereadores de Prata e seguir para o sepultamento em Monteiro, que deve ocorrer nesta terça feira (5).

Entenda o crime

A vereadora estava com a família em um jogo de futebol, ajudando a irmã que vendia lanches no local, quando o ex-marido chegou. Ele esperou o momento da entrega das taças, no jogo de futebol, quando todos se afastaram, e atirou três vezes contra Tina. Os tiros atingiram a perna, a cabeça e o peito da mulher.

O homem, de 59 anos, fugiu do local e ainda não foi encontrado pela polícia.

De acordo com a delegada do caso, Renata Patu, a vítima estava separada do suspeito há mais de 40 dias e, por causa disso, estava morando na casa dos pais dela. Nesse tempo de separação, ele estaria vendendo os bens que conquistou com a ex-esposa para que nem ela, e nem a filha tivessem acesso aos objetos.

A delegada informou que no momento dos disparos, um homem que estava perto do local ainda foi ameaçado pelo ex-marido de Tina. “Ele teria dito que se o rapaz não se afastasse do local, também iria morrer”, informou a delegada.

De acordo com a delegada, o suspeito não tem nenhuma denúncia de violência doméstica no nome dele, mas pessoas que moram perto do homem informaram que ele tem histórico de violência.

O prefeito de Prata, Genivaldo Tembório, publicou uma nota lamentando pela morte da vereadora e decretando luto oficial pela morte de Elinete.

Como denunciar

Feminicídio é o assassinato de uma mulher cometido devido ao fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica.

Foi inserido no Código Penal como uma qualificação do crime de homicídio em 2015 e é considerado crime hediondo.

De acordo com o artigo 5º da Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher é caracterizada como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

O atendimento às vítimas pode ser realizado direto nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (disque 180).

Para casos de emergência, a Polícia Militar deverá ser acionada (disque 190). Para denúncias anônimas, busque a Polícia Civil (disque 197).

O centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, em João Pessoa, que acolhe mulheres vítimas de violência, pode ser acionado pelo número 0800 283 3883.