Mãe de Luna Nathielli Bonett Gonçalves foi presa. Ela disse, em depoimento, que tem síndrome do pânico e teve ataque de fúria, conforme delegado.
A informação foi divulgada nesta segunda (18) pelo delegado à frente do caso, André Beckman Pereira. A morte da vítima foi constatada na madrugada de quinta-feira (14), mas a polícia informou que a menina começou a apanhar um dia antes.
Os socorristas chegaram e encontraram a menina sem sinais vitais. Ela foi levada ao hospital, onde uma médica constatou a morte.
“Diz ela [mãe] que não sabia que a criança estava morrendo ou estava morta. Por volta da meia-noite [de quinta], ela viu que a criança estava com a respiração fraca, pediu para o padrasto, então, chamar os bombeiros”, afirmou o delegado.
No sábado (16), a mãe foi presa temporariamente. O padrasto da criança também foi detido.
As agressões ocorreram ainda na quarta-feira (13), segundo estimativa da polícia.
“Segundo o que foi dito, a criança saiu de casa supostamente para ir à padaria. Ela demorou para retornar e voltou sem pão nenhum, o que teria despertado desconfianças na mãe, que entendeu que ela tinha se relacionado com alguma espécie de namoradinho”, disse o delegado.
Ele disse ainda que a mãe achava Luna muito nova para namorar.
“Isso despertou nela a ira, ela não aceitava esse tipo de relacionamento em razão da idade da menina, que é muito nova, e acabou batendo nela até o momento em que ela veio a óbito”.
Luna morava com a mãe, o padastro e dois irmãos, um bebê de 9 meses e uma menina de 6 anos. As outras crianças estavam em casa no momento das agressões, mas não se sabe se presenciaram o crime. O casal estava junto há um ano. Ele é professor de artes marciais.
“Estamos ainda verificando que tipo de participação o padrasto teve nessa situação, se foi apenas uma omissão em chamar socorro ou se participou efetivamente. Naquela noite, ele foi dar aula, isso foi confirmado”, afirmou o delegado.
Investigação
A polícia agora quer descobrir o que ocorreu das 22h até a chegada dos bombeiros, depois da meia-noite.
Inicialmente, mãe e padastro tinham dito que Luna havia caído da escada. Porém, após a polícia decretar a prisão temporária do homem, a mulher mudou a versão e contou o relato de que a menina teria ido à padaria.
Segundo o delegado, o padrasto ficou calado e não apresentou outra interpretação dos fatos.
Como a perícia encontrou sangue em diversos locais da casa, no sofá, em uma fronha, toalha, calça masculina e no quarto da criança, essa informação foi usada pela polícia para confrontar a versão de que a menina havia caído da escada. Nesse momento, a mãe disse ter agredido a filha.
Não foi possível precisar a hora da morte da criança. Porém, de acordo com as informações médicas, a polícia acredita que a menina já havia morrido três ou quatro horas antes da chegada dos bombeiros.
Laudos
O delegado aguarda o resultado de laudos da perícia para ter mais informações para a investigação. A polícia quer descobrir se houve violação sexual da vítima e quem teria cometido e se a menina já havia sido agredida antes. A polícia também espera pelo exame do local do crime. Conforme o atestado de óbito, a criança sofreu politraumatismo.
“Todas as alegações da mãe serão verificadas”, resumiu o delegado. Os policiais também querem descobrir se a menina foi ou não à padaria.
Segundo o delegado, a vítima e a irmã de 6 anos não foram à escola no mês de abril e a mãe disse que o motivo seria o namorado da filha. A intenção dela era mudar as duas da escola.
Em relação ao pai biológico, o delegado afirmou que ele ainda não foi ouvido. Ao g1 SC, Sidival Gonçalves, pai de Luna disse viu a filha pela última vez em 2 de março de 2021. Ele havia feito uma festa de aniversário para ela na ocasião.
Versões
Inicialmente, logo após a criança morrer na madrugada de quinta, o casal apresentou a versão de que Luna havia caído de uma escada após tentar resgatar um gato. De acordo com os suspeitos, ela estava consciente após a queda e seguiu realizando as atividades normalmente, até a hora de dormir. Mais tarde, a criança começou a passar mal e os bombeiros foram chamados.
O padrasto e a mãe foram intimados a depor novamente, dessa vez acompanhados de advogado. Os dois foram informados sobre os laudos e o padrasto ficou em silêncio. No entanto, a mãe da vítima confessou ter matado sua própria filha.
O nome do casal e a idade deles não foi divulgado pela Polícia Civil. No relatório do dia do crime, a Polícia Militar informou que o padrasto tem 41 anos e possui passagens policiais por violência doméstica, dano, lesão corporal, estelionato e posse de drogas.