Cultura

Artista alagoano representa o Brasil em evento de arte internacional

Biennale abre neste sábado (23) de abril e segue até 27 novembro; Mostra brasileira tem curadoria de Jacopo Crivelli Visconti e organização da Fundação Bienal de São Paulo

Divulgação

Jonathas de Andrade levará a instalação inédita ‘Com o coração saindo pela boca’ para o Pavilhão do Brasil na 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, em Veneza, na Itália

O artistra alagoano Jonathas de Andrade levará a instalação inédita ‘Com o coração saindo pela boca’ para o Pavilhão do Brasil na 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, em Veneza, na Itália. O evento começa neste sábado (23) e segue até 27 de novembro.

De acordo com o artista, a exposição usa como inspiração as expressões populares que se referem a partes do corpo como  “nó na garganta”, “cara depau”, “olho do furacão”, “das tripas coração”, “de braços cruzados”, “empurrar com a barriga”, entre dezenas de outras.

“Existem centenas de expressões populares com partes do corpo para descrever sentimentos e situações. Elas envolvem literalidade e absurdo para dar conta da subjetividade, o que para o momento do Brasil, é muito revelador. Usar essas expressões para falar da perplexidade do corpo brasileiro diante do presente em tantas instâncias – política, social, ecológica – me parece muito potente. As expressões desta coleção compõem bem este panorama emocional nacional, por exemplo ‘entrar por um ouvido e sair pelo outro’ e ‘de partir o coração’”, explica o artista alagoano.

Considerado um dos artistas brasileiros mais representativos de sua geração, Jonathas de Andrade concebeu o projeto a partir do convite de Jacopo Crivelli Visconti (curador também da 34a Bienal – Faz escuro mas eu canto, realizada em 2020/2021), apontado pela Fundação Bienal como curador da representação brasileira na bienal mais antiga do mundo. A proposta para o Pavilhão do Brasil parte do profundo interesse do artista por refletir sobre a formação e as idiossincrasias do povo brasileiro, considerando episódios e processos históricos.

“Esta mostra comissionada a Jonathas de Andrade parte de peculiaridades da linguagem brasileira para abordar questões universais, criando imagens com as quais a diversidade de visitantes deste evento internacional poderão se identificar. Com esta exposição, reforçamos nossa missão de fomentar a arte brasileira e levar o que há de mais pulsante da produção artística de nosso país para os diversos cantos do mundo”, explica José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

A exposição é composta por impressões fotográficas, esculturas (algumas delas interativas) e um vídeo, e tem entre suas referências as feiras de ciência que o artista conheceu quando criança, em particular a experiência de visitar a boneca Eva (uma gigantesca boneca de 45 metros de fibra e espuma que rodou o país nos anos 1980, na qual o público podia entrar para conhecer o funcionamento do corpo humano).

“O caminho para representar o Brasil, ou talvez apenas aludir a ele, hoje, passa inevitavelmente pelo corpo de quem vive na pele e na carne, cotidianamente, as dificuldades, as violências e as injustiças que se repetem, ano após ano, década após década, século após século. Um corpo literal e repetidamente fragmentado, silenciado, ignorado, despedaçado. Mas essas partes isoladas e objetificadas de corpo também o transcendem, ao introduzir o outro elemento estruturante da exposição: a linguagem”, afirma o curador da mostra brasileira, Crivelli Visconti.

Com curadoria de Cecilia Alemani, a Biennale Arte 2022 retira seu título do livro The Milk of Dreams [O leite dos sonhos] da artista surrealista Leonora Carrington (1917, Reino Unido – 2011, México). Para Alemani, “a artista descreve um mundo mágico em que a vida é constantemente repensada através do prisma da imaginação, e onde todos podem mudar, ser transformados, tornar-se outra coisa e outra pessoa. A exposição nos leva a uma jornada imaginária pelas metamorfoses do corpo e das definições de humanidade.”

Participação brasileira

A prerrogativa da Fundação Bienal de São Paulo na realização da representação oficial do Brasil na 59ª Mostra Internacional de Arte da Bienal de Veneza é fruto de uma parceria com a Secretaria Especial da Cultura, responsável pelo desenvolvimento da política de intercâmbio cultural do país.
As participações brasileiras nas Bienais de Arte e Arquitetura de Veneza ocorrem no Pavilhão do Brasil, construído em 1964 a partir de um projeto de Henrique Mindlin e mantido pelo Ministério das Relações Exteriores.

 

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