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Policial militar que ameaçou ‘arrebentar’ aluno de escola pública será afastado, diz PM

Ameaça ocorreu na quinta-feira (5), em ato de estudantes contra exoneração de vice-diretora que criticou gestão cívico-militar. Segundo corporação, caso foi pontual e não 'corresponde com a filosofia do projeto'.

PMs ameaçam estudante no CED 1 da Estrutural, no DF

A Polícia Militar do Distrito Federal informou que o PM que ameaçou “arrebentar” um aluno do Centro Educacional (CED) 1, na Estrutural, será afastado do cargo. A ameaça ocorreu na quinta-feira (5), durante um protesto dos estudantes contra a exoneração da vice-diretora Luciana Pain, que critica a gestão cívico-militar na unidade.

A ameaça foi flagrada em vídeo por testemunhas. Em nota, a corporação afirmou que o caso será investigado. Segundo a PM, “o fato foi pontual e não corresponde com a filosofia do projeto e com o comportamento dos demais profissionais, que são selecionados e recebem capacitação para a função”.

A Secretaria de Educação do DF também argumentou a favor da gestão compartilhada de instituições de ensino com a Polícia Militar e afirmou que “casos pontuais são averiguados pelas pastas, para adoção de providências cabíveis a cada situação”.

O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) investiga o caso e diz que “está atento para garantir o funcionamento adequado das escolas de gestão compartilhada com a PMDF”. Já a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF) enviou um ofício para a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, pedindo providências em um prazo de 30 dias.

Ameaça

Na semana passada, a vice-diretora, que esteve à frente de críticas a atitudes dos militares na escola, foi exonerada do cargo. Na quinta-feira, os estudantes fizeram um protesto pedindo a volta da gestora.

Durante o ato, estudantes filmaram as ameaças feitas por PMs. Pelas imagens, é possível ver que três militares levaram um aluno para dentro de uma sala de aula vazia, onde um dos policiais abordou o jovem de 14 anos.

“Bota a mão pra trás, você. Tô falando sério. Tu não é machão? Lá em cima tu não é machão? No meio dos outros tu não é machão?”, disse o militar.
O estudante questionou se ia apanhar dentro da escola, e o PM respondeu: “Se precisar. Você quer ver? Vem me ameaçar… Eu te arrebento”.

Segundo um aluno do CED 1 da Estrutural, os estudantes são tratados como criminosos dentro da escola.

“Aqui parece que nós é (sic) um bando de bandido, não é aluno não. Eles trata nós (sic) não é como aluno não, é como bandido”, diz o estudante.

Polêmicas
O CED 1 da Estrutural, que é uma das 16 escolas com gestão compartilhada com a Polícia Militar em Brasília foi, desde o início, local de atritos entre alunos, professores e policiais.

Em novembro do ano passado, os estudantes fizeram um trabalho para o Dia da Consciência Negra, que abordava a violência policial contra jovens negros. De acordo com professores, o diretor disciplinar da escola, que é PM, pediu que os cartazes fossem retirados.

Professores e alunos classificaram a medida como censura e interferência indevida na parte pedagógica da escola. A PMDF negou o pedido e disse, à época, que foi “apenas uma consulta, junto à direção da escola, sobre o tema abordado no trabalho dos estudantes”.

Em 2019, os militares apagaram um grafite com o rosto do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela – ícone da luta pela igualdade racial – que havia sido pintado em um muro, antes da gestão da PM (veja imagem acima). À época, a direção do Centro Educacional decidiu refazer a pintura.

Confira a íntegra da nota da PM sobre o caso:

“A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), informa que o modelo de Escolas de Gestão Compartilhada atende a 12 de cerca de 720 unidades de ensino público do Distrito Federal, selecionadas mediante critérios de vulnerabilidade como violência, evasão escolar e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, e é implementada após consulta democrática à comunidade escolar.

O CED 01 da Cidade Estrutural foi uma das primeiras escolas a aderir ao projeto, com mais de 90% de aprovação de professores, servidores, estudantes maiores de 18 anos e pais de alunos. Sobre a possível ameaça envolvendo um policial militar e um aluno da escola, informamos que o caso será apurado e que os responsáveis serão afastados das atividades. A PMDF destaca, por fim, que o fato foi pontual e não corresponde com a filosofia do projeto e com o comportamento dos demais profissionais, que são selecionados e recebem capacitação para a função.”