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Amigo que estava com bombeiro diz à polícia que tiro contra atendente do McDonald’s não foi acidental

Testemunha disse que tentou evitar que bombeiro 'fizesse uma besteira'. Segundo ele, dentro da lanchonete houve outra agressão ao atendente, que reagiu, e logo depois o disparo.

Images de câmeras de segurança mostram o bombeiro Paulo César Albuquerque entrando armado na lanchonete, que teve atendente Mateus Carvalho baleado — Foto: reprodução

O tiro disparado pelo sargento bombeiro Paulo César de Souza Albuquerque contra o atendente da lanchonete McDonald’s, na Taquara, na Zona Oeste, na madrugada de segunda-feira (9), não foi acidental, segundo o depoimento de um amigo que estava com o bombeiro.

Em depoimento prestado na noite de quarta-feira (11), na 32ª DP (Taquara), Carlos Felipe da Silva Brasil contou que, ao entrar na lanchonete, o bombeiro Paulo César agrediu o atendente Mateus Domingues Carvalho mais uma vez. O rapaz se defendeu, o bombeiro atirou e saiu em seguida.

Carlos Felipe é o homem de casaco laranja que, nas imagens, aparece acompanhando Paulo César. Ele e a mulher — que também prestou depoimento — estavam de carona com o sargento do Corpo de Bombeiros.

O atendente Mateus, atingido na barriga, segue internado em estado estável no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Segundo a família, Mateus perdeu um dos rins e passará por uma cirurgia para a reconstrução de parte do intestino.

Dentro da lanchonete, nova agressão e o disparo
Segundo policiais, a versão de Carlos Felipe contradiz a versão apresentada pela defesa do bombeiro de que o tiro que atingiu o atendente Mateus foi acidental. O amigo contou que tentou impedir que Paulo César “fizesse uma besteira”, quando ele entrou na lanchonete com a arma na mão.

No depoimento, Carlos Felipe diz que foi atrás de Paulo César dentro da lanchonete. Lá dentro, o bombeiro deu um novo soco no atendente, que reagiu para se defender. Logo em seguida, Paulo César disparou a arma e saiu.

A mulher, que tinha ficado no carro do bombeiro, saiu quando ouviu o disparo e, muito nervosa, começou a chorar, sendo acalmada pelo marido. O bombeiro entrou no carro e levou o casal até em casa, sem dar nenhuma palavra durante o trajeto.

Carlos Felipe e a mulher contaram na delegacia que estavam num evento, em um bar em Curicica, também na Zona Oeste. Na saída, por volta de 1h30m, encontraram com Paulo César, conversaram e decidiram fazer um lanche. O casal foi embora de carona com o bombeiro.

Eles disseram que a fila do drive-thru estava longa e demorada. Quando foram atendidos, Paulo César informou que usaria o cupom do aplicativo e que Mateus teria dito de forma ríspida: “Quando for assim tem que avisar”.

Isso irritou Paulo César, que desceu do carro e deu um soco em Mateus, que revidou. O bombeiro, então, decidiu entrar na lanchonete.

Outra testemunha
Imagens de câmeras de segurança mostram o sargento parando no drive-thru da lanchonete e dando um soco no atendente, que revidou. Depois, ele vai até a loja com uma arma na mão e empurra dois funcionários, um deles o segurança. Em seguida, Paulo César vai até a cabine onde Mateus estava e atira contra ele.

Segundo testemunhas, a discussão aconteceu por causa de um cupom de desconto.

“Eu estava lanchando e, quando ele chegou na frente da loja e pediu para falar comigo, como um cliente normal, eu abri a porta. Ele perguntou se eu era polícia e falei que não. Aí ele puxou a arma. Eu tentei conter ele, conversar, mas ele não quis conversa. Daí em diante ele entrou pela cozinha e aconteceu o fato da agressão contra o funcionário, o disparo de arma de fogo”, afirmou Rafael Mendonça, segurança da loja.

De acordo com ele, o bombeiro não quis diálogo.

“Quando eu o segurei para tentar falar com ele: ‘Vamos conversar que não é assim não. O que houve?’ E ele: ‘tira a mão de mim que eu vou te dar um tiro’. Infelizmente, eu não pude botar o peito na frente”, contou.

Na segunda-feira (9), a Justiça do Rio negou o pedido de prisão temporária feito pelo delegado Angelo José Lages Machado, da 32ª DP (Taquara), contra o sargento Paulo César de Souza Albuquerque.

A polícia está reunindo provas para apresentar ao Ministério Público, que num trabalho conjunto, vão denunciar Paulo César Albuquerque por tentativa de homicídio, no Tribunal do Júri.

O McDonald’s afirma que está colaborando com as investigações e prestando assistência aos familiares do funcionário.

O Corpo de Bombeiros disse que endossa o pedido de prisão preventiva contra o sargento e abriu um processo disciplinar, que deve ser concluído em 30 dias. Ele deve prestar depoimento para apresentar a defesa.