O homem de 32 anos foi preso, na manhã de segunda-feira (30), no bairro Vila Cristina, em Betim. Ele é suspeito de abusar de pelo menos cinco crianças e adolescentes, inclusive da afilhada dele.
Mudança de comportamento. Foi o que fez os pais de duas meninas, uma de 12 e outra de 5 anos, desconfiarem que algo estava errado. Bastou uma pergunta para a mais velha contar aos pais que era vítima de abusos sexuais vindos de um amigo da família, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A menina contou que sofria com os abusos desde os 5 anos de idade e que conversou com outras três meninas (entre 5 e 14 anos) , inclusive a irmã caçula dela, que também confirmaram o abuso. Uma delas é afilhada do suspeito de 32 anos, que foi preso na manhã de segunda-feira (30).
“A sensação é de traição e desespero. Ele era um amigo de mais de 20 anos da nossa família, de confiança de todos, ele e a esposa ficavam com as crianças para gente trabalhar. Quando minha filha contou pra gente que já tinha conversado com outras vítimas, imediatamente entramos em contato com a Polícia Militar e fizemos a ocorrência”, disse o pai de duas vítimas, que não será identificado na reportagem.
O homem contou à TV Globo que a casa do suspeito era muito atrativa para às crianças.
“Ele sempre carinhoso e as crianças gostavam de ir pra lá. Sempre tinha cachorro-quente, sorvete, joguinhos, uma forma de atraí-las”, disse.
Além de lidar com a dor de saber que as filhas foram abusadas, a família das meninas precisou mudar a rotina.
“Ficamos presos. Não tivemos contatos com ele durante as investigações, viramos prisioneiros. Estou sem trabalhar há 20 dias e agora me deram férias para eu lidar com tudo isso. As meninas não vão para escola e estamos pensando em mudar de casa. É um turbilhão!”, contou o pai.
‘Como mãe e mulher dói muito’
A mãe de outras duas vítimas também conversou com a TV Globo, na tarde desta terça-feira (31), e disse que “era o único lugar que eu deixava ir por achar que era família, por isso que dói”.
“Você confiar seus bens mais preciosos achando que estava fazendo o bem, principalmente porque eles não têm filhos e a mulher dele sempre falava que queria ser mãe, então era um ato de amor eu deixar as meninas conviverem com eles, pelo menos para mim era um ato de amor e de solidariedade. É uma ferida que pode fechar, mas a cicatriz vai ficar para o resto da vida”, contou a mãe.
Ela disse que soube dos abusos após a prima das filhas contarem que havia passado por isso. Foi quando ela foi questionar a menina que contou dos atos.
“Ele dava banho, dava comida, levava para passear, brincar e tomar sorvete, desde bebê colocava para arrotar. Aí você descobre e isso doi, te mutila, muita tristeza. Eu espero que ele pague porque o que eu estou sentindo eu vou sentir para o resto da vida”, contou.
Prisão e ameaças
A prisão do homem aconteceu na casa dele no bairro Vila Cristina, em Betim.
Segundo a delegada, antes da prisão, o homem estava ameaçando as vítimas e chegou a agredir um cachorrinho delas.
“Ele perseguiu uma das crianças até à padaria, ele ameaçou expor fotos de uma adolescente e ainda feriu uma das cachorras da vítima. É tudo bem complicado e traumatizante para os familiares”, disse a delegada Ariadne Elloise Coelho.
A delegada disse que ele negou todas às acusações.
Ela conta que as investigações ainda estão em andamento, já que há possibilidade dele ter feito outras vítimas, uma vez que a mulher do suspeito era babá de várias crianças no bairro.
“A mulher foi ouvida como informante e testemunha. Ainda não existem indícios, mas, se ficar comprovado participação, ela pode responder por estupro de vulnerável de forma omissa”, disse Coelho.
Já o suspeito pode ser indiciado por estupro de vulnerável contra cinco vítimas de forma continuada pelos delitos de ameaça, maus-tratos e mutilação contra animal doméstico.
“É muito importante que os pais fiquem atentos a qualquer mudança de comportamento, crianças sentem vergonha, sentem culpadas, elas podem expressar de várias formas, regredindo, ficando mais rebeldes, é preciso diálogo constante para elas saberem que podem contar com os pais”, alertou a delegada.