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Rio: Policial diz só ter atirado em pneus na ação que terminou com menina baleada

Alice, de 4 anos, segue internada em estado grave.

Alice Rocha, baleada na Taquara — Foto: Reprodução/TV Globo

Rio de Janeiro: Os três policiais civis que estiveram no tiroteio que deixou uma menina de 4 anos em estado grave, na Zona Oeste do Rio, afirmaram que apenas um deles atirou, e na direção dos pneus do carro dos dois suspeitos — um deles, o Neguinho do Gás, foi preso, e outro fugiu.

A TV Globo teve acesso aos depoimentos dos agentes da Draco sobre o incidente da última quarta-feira (1º), na Taquara. Na troca de tiros, Alice Rocha foi atingida na cabeça. O estado dela era grave na manhã desta sexta-feira (3).

Segundo o termo de declaração, os três policiais da Draco estavam em um carro descaracterizado e foram até a Taquara checar a informação de uma fonte de que milicianos fariam a cobrança de uma taxa a comerciantes.

O trio afirma que localizou o veículo descrito pela fonte como sendo dos milicianos na Rua da Creche. Como a via é estreita, os policiais decidiram não abordá-los e passaram a segui-los.

Na Rua André Rocha, uma das principais da Taquara, os agentes flagraram quando o carro parou e o carona saltou para supostamente fazer a cobrança.

Começava, então, a abordagem: o policial ao volante parou atravessado, e o carona e o que estava no banco de trás saltaram, dando voz de prisão.

Os três policiais portavam fuzis, mas só um deles atirou, segundo os depoimentos.

O miliciano que estava na calçada sacou uma pistola com a qual atirou enquanto fugia a pé. Um dos policiais relatou ter perseguido o bandido sem revidar, e que depois o perdeu de vista.

O suspeito ao volante, que a polícia diz ser Neguinho do Gás, fez uma manobra brusca e arrancou com o carro.

Um dos agentes afirmou ter disparado de fuzil cinco vezes na direção dos pneus do automóvel em fuga. Com as rodas avariadas, Neguinho perdeu o controle e bateu. Acabou preso ao tentar fugir a pé.

Bala ficou alojada

A Polícia Civil acredita que um fragmento da bala ainda possa estar no corpo da menina. Com isso, os investigadores esperam que, mais à frente, seja possível fazer um confronto balístico e identificar de qual arma partiu o disparo.

Uma informação no boletim de atendimento médico da menina é o que leva a polícia a crer que a bala ainda esteja no corpo de Alice. Ao detalhar a lesão por perfuração por arma de fogo, o documento a que a TV Globo teve acesso não registra saída do projétil.

Por conta disso, as armas dos policiais envolvidos no confronto foram apreendidas. São três fuzis calibre 556. Os agentes também conseguiram apreender uma pistola calibre 9 milímetros que teria sido abandonada pelos criminosos que estavam no carro de onde também foram feitos disparos.

Alice e mãe compravam pipoca

Alice e a mãe dela comprava uma pipoca quando um tiro atingiu a cabeça da criança. Isso aconteceu logo depois que a menina saía da escola, na Rua André Rocha, na Taquara.

“Ela [a mãe] me disse que foi buscá-la na escola, parou para comprar uma pipoca e estava atravessando a rua para ir pra casa… Quando ela viu, a menina estava cheia de sangue. Ela começou a gritar pedindo ajuda, e a minha neta já estava desacordada”, narrou a avó, Elaine Soares.
A mãe de Alice, Andressa Silva Oliveira, de 22 anos, está grávida de três meses.

O preso foi identificado como Marcos Aurélio Marques de Almeida, conhecido como Neguinho do Gás.

Extorsão a comerciantes

Comerciantes afirmam que a milícia domina o local de forma violenta e cobra uma taxa para que eles possam trabalhar. Testemunhas disseram que os milicianos estavam fazendo essas cobranças no fim da tarde de quarta-feira, quando a polícia chegou.

Moradores contaram que era por volta das 17h quando milicianos estavam sendo perseguidos pela polícia na Rua André Rocha. O carro dos criminosos foi atingido por tiros, eles perderam a direção e bateram num poste. Foi a partir daí que começou a troca de tiros.

Os milicianos tentaram fugir e entraram em uma rua à direita. Alice e a mãe estavam na calçada.