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Carlinhos Maia sobre assalto milionário: ‘O que mais dói é ter que ler tantas vezes que é marketing’

Entre os bens mais valiosos, os ladrões levaram um relógio avaliado em R$ 1 milhão e um colar de diamantes de R$ 1,5 milhão.

Imagens do circuito do prédio de Carlinhos Maia

O Fantástico traz detalhes inéditos da investigação sobre o assalto milionário ao apartamento do influenciador digital Carlinhos Maia, em Alagoas. Entre os bens mais valiosos, os ladrões levaram um relógio avaliado em R$ 1 milhão e um colar de diamantes de R$ 1,5 milhão.

‘Ao todo dava uns R$ 4 milhões a R$ 5 milhões’, diz Carlinhos Maia sobre bens roubados em apartamento
Carlinhos, que se recuperava de uma cirurgia estética em Sergipe, conversou com o repórter Maurício Ferraz quatro dias depois do crime. O influencer afirma que não se arrepende de mostrar seu dia a dia.

“Me arrepender de me expor tanto? Eu acho que não, porque foi essa exposição que me fez chegar aonde eu cheguei. Eu acho que fica a mensagem de se expor um pouco menos, sabe? O que mais dói é você ter que ler tantas e tantas vezes que isso é marketing”, diz.

Carlinhos Maia também falou sobre a repercussão do roubo milionário:

“Uma coisa que eu também ouvi bastante: porque ele é um rico está tendo essa repercussão nacional. Então quer dizer que o meu crime não pode ser investigado? Tenho direito – como cidadão que paga impostos – de ter um meu crime investigado também. O que eu mais estou pedindo dentro do meu coração é que que sejam pegos, que sejam presos, que não façam outras vítimas ainda e que não invadam mais os sonhos da casa da gente”, diz Carlinhos Maia.

Investigação: imagens exclusivas
No dia 29 de maio, o alvo dos criminosos era o terceiro andar de um prédio de luxo em Maceió. Segundo a polícia, no dia do roubo, os muros ainda não tinham um tipo de cerca com arame cortante. Das 36 câmeras espalhadas pelo edifício, apenas algumas registraram a passagem dos ladrões. O Fantástico teve acesso às imagens com exclusividade. Dois equipamentos instalados na garagem gravaram a mesma cena: o único rastro deixado pelos bandidos até agora.

Era 1h16, quando as câmeras registraram um homem e uma mulher caminhando no mesmo ritmo, pisando leve, sempre em linha, dificultando uma eventual identificação. Os dois estão com todo corpo coberto, chapéu, máscara e luvas para não deixar digitais. O homem ainda esconde o rosto com a mão – só ele carrega uma mochila.

“Eles sabiam por onde transitavam dentro do empreendimento. Nós temos chamados pontos cegos. Alguns já existiam desde a sua concepção e outras que foram, provavelmente, maliciosamente criadas para facilitar a empreitada”, diz o delegado de polícia Lucimério Campos.

A polícia acredita que o crime vinha sendo planejado há um bom tempo, porque a câmera de segurança principal, a do corredor que dá acesso ao apartamento de Carlinhos Maia , foi desconectada há pelo menos 15 dias. E 15 dias é exatamente o prazo para que as imagens sejam apagadas automaticamente do servidor. Por isso, não é possível saber ainda quem desconectou o equipamento – uma peça importante para a investigação. Além da câmera do andar onde vive Carlinhos estar desconectada, outra, no térreo, estava desligada.

O Fantástico levantou que o porteiro só tinha acesso a imagens de 16 câmeras. As outras, embora ligadas, não estariam canalizadas no monitor dele. Mas um alarme – do sensor de presença – tocou.

“O porteiro disse que – como outros casos de acionamento por animais ou até pela sensibilidade mesmo do dispositivo -, ele achou que era mais uma dessas situações e não se preocupou em olhar. Nós temos tido o cuidado de saber se isso é só uma falha humana e ou se é um envolvimento de pessoas ali que trabalhavam no edifício, pessoas ligadas ao Carlinhos Maia” diz Lucimério Campos.

O condomínio onde Carlinhos mora fica ao lado de um hotel e fazem parte de uma mesma rede. A suspeita é de que eles tenham vindo de lá.

“A gente também trabalha com a possibilidade de eles estarem hospedados no hotel, o hotel que fica geminado ao empreendimento onde morava o influencer, e essas imagens estão sendo checadas”, conta o delegado.

No lançamento do residencial, de altíssimo padrão, a segurança era um dos principais atrativos. Segundo a incorporadora, todos os principais pontos do prédio são monitorados, mas houve interferência humana pra burlar o sistema.

“A segurança particular privada – que chegou no empreendimento depois do acionamento do sensor de presença – acabou sendo dispensada sob o argumento de que não havia nenhum problema naquele momento. Esse sensor de presença continuou desligado até o final do furto né? Então, certamente, a saída das pessoas, ela foi pelo mesmo local e sem o novo acionamento do sensor de presença”, diz Deivis Pinheiro, advogado da Ritz Participações e Incorporação.

Os bandidos ficaram cerca de duas horas e meia no prédio. Outro detalhe que a polícia precisa desvendar: os ladrões que abriram a fechadura eletrônica do apartamento de Carlinhos tinham a senha ou usaram algum equipamento para destravar a porta?

Fotos mostram armários do quarto revirados. Para a polícia, os ladrões são de fora do estado e tinham uma encomenda: o relógio mais caro – avaliado em R$ 1 milhão – e um colar de 36 diamantes – de R$ 1,5 milhão. Eles estavam no cofre com algumas outras joias e os bandidos saíram com cofre e tudo. O alvo era tão definido que ficaram para trás outros seis relógios também valiosos.

“Uma coisa é clara para nós: eles têm uma expertise e tem uma qualificação diferenciada para agir em crimes dessa natureza”, afirma Gustavo Xavier do Nascimento, delegado geral da Polícia Civil de Alagoas.

Influenciador de milhões
Carlinhos Maia, aos 30 anos, só em uma rede social, divide o dia a dia com mais de 25 milhões de seguidores. Na Vila Primavera, em Penedo, o menino pobre descobriu que com um celular podia levar o cotidiano da família e dos vizinhos para muito longe. Caiu no gosto do público, ganhou fama, dinheiro e virou fenômeno.

O marido de Carlinhos, Lucas Guimarães, estava no México a trabalho e Carlinhos, em Aracaju, onde tinha marcada uma cirurgia de lipoaspiração. Ele conta que tinha acabado de acordar da anestesia quando ficou sabendo do roubo.

“Eu fiquei um pouco em choque. Como assim? É a casa da gente, né?”, diz.