Alterações hormonais e mudanças na rotina podem desencadear quadro depressivo que envolve sentimento de tristeza e pessimismo, explica psicólogo
A gestação é um momento único na vida da mulher. Desde a descoberta da gravidez até o período da amamentação, dar à luz é uma fase especial, mas que traz muitas dúvidas, mudanças e transformações. A criança nasce perfeita, a mamãe volta para casa, mas é invadida por uma espécie de melancolia que nem ela mesmo sabe explicar.
A depressão pós-parto é uma doença mais comum do que se imagina. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ela afeta uma em cada quatro brasileiras, especialmente no período de seis a 18 meses após o nascimento do bebê, representando cerca de 25% das mães no país.
O psicólogo do Sistema Hapvida, Carol Costa, chama atenção para a importância de a puérpera contar com uma rede de apoio e destaca, também, que é fundamental que os pais estabeleçam um relacionamento maduro e duradouro, antes, durante e depois da gestação.
Conheça os sintomas e causas
Falta de interesse por atividades diárias que anteriormente eram prazerosas, insônia ou excesso de sono, cansaço extremo, ansiedade, tristeza profunda, dificuldade para se concentrar e tomar decisões, e sentimento de culpa ou de menos valia são alguns dos principais sintomas da depressão pós-parto.
“A doença pode ter inúmeras causas, mas, geralmente, está relacionada a fatores físicos, hormonais, emocionais ou até mesmo a transtornos psiquiátricos prévios. É importante lembrar que este é um período de mudanças bruscas na rotina da mulher. Enjoos, vontade de urinar frequentemente, inchaços, cólicas. A gestação é um momento delicado que exige da mamãe maturidade e uma rede de apoio mesmo após o nascimento do bebê”, explica o especialista.
Depressão pós-parto e tristeza pós-parto: entenda a diferença
Carol Costa explica que é fundamental que a doença seja tratada por um médico e por um psicólogo, e alerta para o seu diagnóstico. Isso porque ainda é comum que a tristeza pós-parto seja confundida com a depressão pós-parto.
“São condições diferentes. A tristeza pós-parto, que muitos conhecem como baby blues, se caracteriza por um estado brando de tristeza e alterações de humor, e dura até duas semanas. Esse é um quadro que tende a passar sozinho, como uma fase de adaptação. Já a depressão é persistente e pode acompanhar a mulher por meses”, ressalta o profissional do Sistema Hapvida.
Além de um bom pré-natal, Carol Costa também diz ser importante que a gravidez seja esperada e planejada, e que venha em um momento saudável e oportuno.
“Infelizmente, a maternidade ainda é romantizada pela sociedade, por questões culturais e publicitárias. Muitas pessoas ainda consideram que uma mulher só se torna completa quando tem um filho. Mas toda gravidez tem seus ônus e bônus. Por isso, o apoio psicológico é fundamental, porque a mãe estando bem, a criança também estará”, finaliza.