No Brasil, doença pode ter feito 30 mil vítimas entre 2020 e 2022
O câncer de pulmão é a segunda neoplasia mais comum no mundo depois do câncer de mama, correspondendo sozinho a 11,4% dos casos quando excluído o câncer de pele não melanoma. Além da alta prevalência mundial, a doença também é o mais letal, com 18% das mortes por câncer (excluindo o de pele não melanoma). No Brasil, a estimativa do INCA para cada ano do triênio 2020-2022 indicava 625 mil novos casos, sendo mais de 30 mil no pulmão.
O tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de pulmão, mas cerca de 25% dos casos não tem relação com o hábito, o que leva a suspeita de mutações em genes envolvidos no processo de carcinogênese. “Esta neoplasia tem uma idade média de diagnóstico aos 70 anos, mas pode ocorrer em idades mais precoces, o que mais uma vez pode estar relacionado a mutações moleculares. De forma geral, os homens apresentam o dobro de risco de desenvolver a doença em relação às mulheres”, disse Gabriela Monte, oncologista clínica, especialista em tórax, da Santa Casa de Maceió.
Os pacientes podem ser assintomáticos ao momento do diagnóstico, porém a maioria já apresenta algum sintoma como cansaço, dor torácica e até eliminação de sangue durante a tosse. Com o diagnóstico, 30 a 40% dos casos já se apresentam como doença avançada ou metastática, sendo os principais sítios os ossos, pulmão, cérebro, fígado e adrenais.
“Nos últimos anos vimos que a doença necessita de diagnóstico e estadiamento com maior brevidade e precisão, o que melhora o tratamento e implica diretamente na melhora de sobrevida e prognóstico dos doentes. Métodos não invasivos de imagem como o PET-CT estão sendo mais amplamente utilizados, bem como a avaliação da região do mediastino feita pela equipe de cirurgia torácica. Testes moleculares com a identificação de mutações alvo podem oferecer tratamento direcionado, o que tem sido o grande avanço das últimas décadas”, destacou a especialista.
Cirurgia torácica, radioterapia e os tratamentos sistêmicos oncológicos são opções de tratamento em estágios avançados. Mas, nas últimas décadas, os tratamentos sistêmicos vêm sendo completamente mudados em virtude das novas drogas como imunoterapia e terapias alvo. A quimioterapia vem perdendo espaço, sendo uma opção subsequente devido a inferioridade dos resultados.
“Na neoplasia de pulmão, os inibidores de checkpoint imunológico são opções de terapia que ocupam a primeira linha de tratamento para metástases que não possuem mutação alvo acionável. Já nos pacientes com mutações alvo acionáveis, o tratamento direcionado para estas alterações com inibidores da enzima tirosina quinase (TKI) é o recurso de primeira linha para tratar a doença metastática, trazendo tratamento efetivo e personalizado para estes pacientes”, explicou Gabriela Monte.
A maior atualização no tratamento do câncer de pulmão está no cenário da doença inicial, onde terapia adjuvante com imunoterapia por um ano foi recentemente aprovada no Brasil e estudos com IO na neoadjuvância vem demonstrando cada vez mais benefício. “A Santa Casa de Maceió é pioneira no trabalho multiprofissional para o câncer de pulmão, contando com os profissionais mais bem habilitados nas áreas de pneumologia, cirurgia torácica, oncologia clínica e radioterapia, além dos radiologistas e patologistas, com o intuito de promover um diagnóstico com precisão e tratamento com a maior qualidade”, finaliza a oncologista clínica.