Política

Bolsonaro defende Milton Ribeiro, mas diz que exagerou ao afirmar que colocava ‘cara no fogo’ por ele

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (23) que exagerou quando afirmou, em março, que colocaria “a cara no fogo” pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

Ribeiro chegou a ser preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (22). Foi solto nesta quinta, por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Ele é investigado por corrupção passiva, advocacia administrativa, tráfico de influência, prevaricação e por suposto envolvimento em um esquema fraudulento de liberação de verbas do Ministério da Educação.

“Falei que botava a cara no fogo. Exagerei. Mas boto a mão no fogo pelo Milton”, declarou Bolsonaro, em transmissão ao vivo por rede social, a partir de Caruaru (PE), para onde viajou a fim de participar da festa junina de São João. “Continuo acreditando no Milton. Se aparecer alguma coisa, responda pelos seus atos”, disse. Para o presidente, Ribeiro “nem devia ter sido preso”.

Bolsonaro minimizou a conversa com prefeitos na qual Ribeiro disse que priorizaria um pedido do presidente de destinar verbas do ministério a municípios indicados pelo pastor Gilmar Santos.

“Era para dar uma moral para ele [para o pastor]. Nada demais”, afirmou o presidente na “live”.
O presidente Jair Bolsonaro durante ‘live’ na qual afirmou que exagerou ao dizer que colocava a ‘cara no fogo’ pelo ex-ministro Milton Ribeiro. ‘Mas boto a mão no fogo por ele’, declarou — Foto: Reprodução / YouTube
O presidente Jair Bolsonaro durante ‘live’ na qual afirmou que exagerou ao dizer que colocava a ‘cara no fogo’ pelo ex-ministro Milton Ribeiro. ‘Mas boto a mão no fogo por ele’, declarou — Foto: Reprodução / YouTube

A investigação do caso envolve um áudio divulgado em março no qual o então ministro afirma que, a pedido de Bolsonaro, liberava verbas do Ministério da Educação por indicação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Os pastores também foram presos nesta quarta-feira (22), no âmbito da operação da PF batizada de Acesso Pago, e soltos nesta quinta.

Na “live”, Bolsonaro atribuiu a investigação da Polícia Federal a uma iniciativa do próprio então ministro.

“No ano passado, o que o ministro Milton fez? Me procurou e falou: ‘Olha, fui na CGU [Controladoria-Geral da União] falar com o ministro Wagner [Rosário] para que ficasse de olho nesses dois colegas, que estão com uma atitude suspeita no ministério’. E a CGU começou a investigar o cara, a pedido do ministro Milton. A PF pegou o relatório da CGU e começou a investigar”, declarou Bolsonaro.

“Investigou, e o assunto foi para o juiz de 1ª instância em Brasília porque tão logo apareceu uma conversa em que ele falou publicamente, falou para várias pessoas: ‘Olha, nós atendemos todos os prefeitos, independente de partido. Agora, preferencialmente, os indicados pelo pastor tal’. Era para dar uma moral para ele. Nada demais. Em função desse vídeo, o Milton pediu afastamento”, complementou.

Ribeiro e os pastores foram presos com base em uma decisão do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília. O magistrado determinou a medida por entender que, soltos, eles poderiam causar riscos às investigações sobre o escândalo do MEC. No entanto, nesta quinta-feira (23), o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), derrubou a decisão e mandou soltar os investigados.

O magistrado argumentou que Milton Ribeiro não integra mais o governo e que os fatos investigados não são atuais, portanto, para ele, não se justifica a prisão. Por isso, o desembargador determinou que a prisão deveria ser convertida em uma medida cautelar.