Nenê teve semana agitada: terça-feira, passeou de barco, jogou bola na praia, curtiu coquetel (sem beber álcool) à beira de uma piscina de um hotel de luxo em Copacabana. Quarta-feira, treinou, quinta-feira, também. Sexta-feira, foi decisivo para o Vasco vencer o Operário e seguir firme no segundo lugar da Série B. Tudo isso a menos de um mês de completar 41 anos.
Jogar por tanto tempo sempre foi um plano. Em 2016, depois do título carioca na sua primeira passagem pelo cruz-maltino, afirmou em entrevista que sua meta era seguir atuando por mais seis anos. Ele já conseguiu.
Perguntar sobre quando ele pretende se aposentar é pedir uma resposta que pode caducar. Aos risos, Nenê conta de quando encontrou Ricardo Rocha e previu mais duas temporadas até pendurar as chuteiras. Um ano depois, ao rever o ex-zagueiro, respondeu a mesma coisa e prorrogou a parada inevitável. Agora, ele a estima para ano que vem:
— Olha, jogar até os 43 seria surreal. Hoje eu quero subir com o Vasco para a Série A e disputar mais uma temporada. Mais um ano e meio já estaria de bom tamanho. Amo o que eu faço, enquanto estiver atuando em alto nível… — afirmou.
Outro desejo revelado por Nenê, na entrevista de seis anos atrás: encerrar a carreira pelo time da Colina. Uma resposta daquelas esperadas, depois da conquista de um título, em momento de lua de mel com a torcida. Acabou que ele deixou o Vasco, passou por São Paulo, Fluminense, e retornou a São Januário ano passado. Mesmo assim, a despedida no cruz-maltino pode não ser tarefa exatamente fácil.
Vasco e Nenê vivem a expectativa de a 777 Partners comprar a sociedade anônima do cruz-maltino e assumir o controle do futebol. O camisa 10 tem contrato até dezembro e seu perfil vai na contramão do que os americanos inicialmente vislumbram para o time — a montagem de um elenco primordialmente jovem, com atletas com potencial de desenvolvimento e negociação.
Pode ajudar Nenê o fato de que ele tem, como gosta de dizer, “40 anos com carcacinha de 29, 30”. Em uma temporada importante para o Vasco, a assiduidade do camisa 10 em campo impressiona. Ele soma 25 partidas de 29 disputadas pelo time de São Januário em 2022.
O jogador se cuida. Tem aparelhos em casa para complementar os trabalhos de regeneração que já faz no Vasco. Cuida da alimentação e, principalmente, gosta de dormir. São 10 horas de sono por dia, explica. Acorda novo para seguir escrevendo essa história cada vez mais longa no futebol.
— Eu faço o que eu gosto, trabalho com o que eu amo, tenho uma profissão muito bacana. Claro, pressão, essas coisas, fazem parte, mas estou aproveitando ao máximo — afirmou, para lembrar em seguida o papel que acaba exercendo no elenco vascaíno: — Eu tento ser exemplo nas atitudes. Treino tanto ou mais que os garotos. Deixar um legado, ser uma referência para os que estão subindo, não têm preço. É o que me motiva a continuar trabalhando.