Polícia

‘Não quero deixar de ser motorista por aplicativo’, diz vítima de tentativa de latrocínio após sair da UTI

Alayne da Silva Oliveira, de 28 anos, foi baleada na madrugada da última segunda-feira (20). Ela continua tratamento na enfermaria do HGE

Beatriz Castro e Thallysson Alves

Alayne Oliveira chegou ao HGE com risco de morte, mas foi rapidamente assistida pela equipe multidisciplinar, que salvou sua vida

A motorista por aplicativo, Alayne da Silva Oliveira, de 28 anos, que foi baleada após ser sequestrada e vítima de tentativa de latrocínio, na ultima segunda-feira (20) recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Geral do Estado (HGE).

A assessoria do hospital confirmou que a paciente foi transferida para a enfermaria na área verde, na mesma unidade médica, na manhã desta terça-feira, 28, consciente, orientada e esclarecida sobre todos os acontecimentos.  O estado de saúde dela permanece estável.

A paciente foi submetida à tomografia computadorizada e levada ao Centro Cirúrgico, onde passou por uma craniectomia descompressiva com debridamento em tecidos desvitalizados e drenagem de hematoma cerebral, com remoção de fragmentos do projétil, no mesmo dia em que foi internada. 

No dia seguinte, ela conversou com a Polícia Civil, de forma preliminar, para passar mais informações sobre o que aconteceu.

“A cirurgia foi um sucesso! Logo após já demonstrou reação. O prognóstico dado pela neurocirurgiã Jeane Ricardo foi muito positivo. Isso nos animou! Nos agarramos na esperança de salvar a vida dela. Vários profissionais se envolveram no caso, sensibilizados pela história de superação. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), cada resultado de intervenção foi celebrado pela equipe. Ela é muito forte! Teve uma boa evolução no tratamento. Demonstrou muita vontade de viver”, afirmou o gerente do HGE, o médico Paulo Teixeira.

Apesar da excelente recuperação, os especialistas acreditam que ela precisa concluir medicações, se submeter a mais exames e ser observada pela equipe multidisciplinar. Mesmo com a gravidade dos ferimentos, as sequelas maiores são psicológicas.

“Mas não quero deixar de trabalhar como motorista por aplicativo. Há dez anos trabalhei como garçonete e supervisora em restaurantes, até decidir pedir demissão para trabalhar desse jeito, fazendo os meus próprios horários e metas. Gosto de rodar, atender os clientes; talvez inspirada no meu pai e irmãos, motoristas de ônibus, e no meu namorado, que também dirige veículo de aplicativo. É assim que corremos atrás do melhor para a nossa família e vamos vencendo na vida”, disse ela.

Beatriz Castro e Thallysson Alves

Beatriz Castro e Thallysson Alves

Sobre o caso

Informações policiais dão conta que a motorista conduzia o veículo Ford Ka prata, de placa FVT1A18, quando deixou de responder a contato de familiares na noite do domingo (19). A vítima teria informado o namorado que iria levar uma passageira e iria encontrá-lo por volta das 22h para fazer um lanche, mas desapareceu. A motorista trabalhava apenas transportando mulheres.

Segundo relatos de Alayne da Silva Oliveira, ela foi alvo de criminosos que teriam anunciado um assalto e, após tentarem matá-la, abandonaram-na em uma estrada de barro. De acordo com a paciente, ela tinha iniciado a corrida por meio de um aplicativo de transporte, quando os envolvidos no crime a renderam durante o trajeto. Após receber os disparos, ela lembra que fingiu estar morta para tentar escapar da emboscada. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Alagoas (PC/AL).

“Amanheci o dia literalmente lutando contra a morte, tentando estancar o sangue que escorria de minha cabeça. Só no outro dia fui encontrada pelos policiais e amigos, que me conduziram até a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. A partir daí não lembro de mais nada! Quando acordei já estava no HGE, um tanto confusa, achando que ainda estava na UPA”, recordou.

A empresa e o seguro foram acionados e passaram a rastrear o veículo, que foi encontrado no bairro do Vergel do Lago, na região sul da capital. Dezenas de motoristas se mobilizaram, então, com o apoio da Polícia Militar, para tentar localizar a jovem.

Depois de horas de buscas, a jovem foi encontrada por volta das 2h de hoje numa estrada vicinal que dá acesso a 6km da Usina Cachoeira do Meirim, no Benedito. Ela foi alvejada com dois tiros na região da cabeça e no tórax e teria se fingido de morta para fugir dos bandidos.

Boletim Médico
Alayne da Silva Oliveira
Atualização: 28/06/2022, às 9h50

O Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, informa que a paciente Alayne da Silva Oliveira, de 28 anos, está internada em enfermaria na Área Verde e seu estado de saúde permanece estável. Ela chegou na segunda-feira (20), às 8h53, com perfuração por arma de fogo em crânio e ferimento na mão esquerda.