Reginaldo Silva de Lima, 51, sofreu racismo de um morador do prédio onde trabalha em Copacabana. Câmeras de segurança registraram a agressão
Rio de Janeiro – Porteiro há 25 anos, Reginaldo Silva de Lima, de 51 anos, foi agredido e sofreu racismo no prédio onde trabalha há quatro anos, em Copacabana, na zona sul do Rio.
Testemunhas e câmeras de segurança registraram toda a ação.
“O racismo é uma coisa, um sentimento que você não tem como explicar. A pessoa acha que pode te ofender porque ele tem a cor da pele clara e eu a cor escura. Acha que isso torna ele melhor que eu. Na hora eu fiquei bem triste, chorei, fiquei meio deprimido, mas hoje já estou bem” disse Reginaldo ao Metrópoles nesta terça-feira (05).
Agressões
O caso aconteceu no dia 26 de junho, quando o francês Gilles David Teboul, desceu as escadas do prédio com seu cachorro. Como ele não conseguiu pegar o elevador de serviço devido a porta aberta, decidiu ofender e agredir Reginaldo.
Segundo a vítima, Gilles disse que ele não prestava para estar ali, pois não tinha capacidade para exercer a função de porteiro. Disse que ele era um negro, macaco:
“Chegou me chamando de vagabundo, negro, disse que eu não tinha capacidade de exercer o cargo de porteiro. Falei para ele me respeitar, disse que iria denunciar ele. Foi então que ele ficou mais nervoso e me agrediu, meteu a mão no meu pescoço, me deu um tapa no rosto, disse que tinha dinheiro e que não ia acontecer nada com ele”, relatou o porteiro.
Reginaldo foi agredido também com socos, pontapés, enforcado e ainda recebeu ameaças do francês: “Se for à delegacia fazer registro contra mim, eu te mato”.
Segundo a vítima, Gilles começou a agredi-lo na intenção do porteiro revidar, já que toda a cena estava sendo registrada por câmeras de segurança: “Ele queria que eu partisse para cima dele, mas na hora não tive reação. Eu tenho 51 anos e quando a gente tem Deus no coração, nada tira a gente do sério”, disse Reginaldo à reportagem.
Primeira vez
Há quatro anos nesse prédio em Copacabana, Reginaldo conta que trabalha como auxiliar de serviços gerais, mas cobre férias e folgas na portaria, já que tem experiência na área. Essa foi a primeira vez que ele sofreu racismo.
“Nunca passei por isso em lugar nenhum. Esse prédio é um dos melhores lugares que eu já trabalhei, gosto muito de lá. Os moradores tratam a gente como família e todos estão me apoiando, me dando suporte. Ele (agressor) continua morando lá, mas sempre passa calado”, conta Reginaldo.
Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 12ª DP, Copacabana. Testemunhas estão sendo ouvidas e imagens de câmeras de segurança serão analisadas. O autor foi intimado a prestar depoimento.
Com suporte da família e de um advogado, Reginaldo conta que pretende ir até o fim com o caso: “Vou entrar com processo de danos morais, racismo e agressão contra esse homem”, disse à reportagem.
O Metrópoles procurou o acusado, mas até a conclusão da reportagem, não obteve retorno.