Política

Silveira ganha medalha cultural, mas ignora reuniões sobre o tema

Deputado integra comissão na Câmara e só foi a um encontro. Prêmio dado a ele gerou repúdio.

Agraciado com a medalha da Ordem do Mérito do Livro pela Biblioteca Nacional, o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) tem ignorado a comissão de Cultura da Câmara.

Embora seja titular da comissão desde abril, nunca compareceu a uma reunião deliberativa.

A Ordem do Mérito do Livro é uma honraria concedida pela Biblioteca Nacional para personalidades que contribuem com a literatura. Na edição deste ano, Silveira e outros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro foram agraciados, o que gerou forte reação do meio cultural.

As críticas à medalha recebida por Silveira lembraram que o deputado foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com atos antidemocráticos e ataques a ministros e a instituições do Estado.

Ausência nas sessões

A Comissão de Cultura foi instalada em 27 de abril, ao mesmo tempo que outros colegiados da Casa. O site da Câmara registra 14 reuniões da comissão, entre as quais reuniões deliberativas (quando são votados projetos) e audiências públicas (debates com convidados).

O deputado registrou presença em apenas uma delas, uma audiência sobre “Cultura e Democracia”, em 22 de junho. Na ocasião, ele não discursou.

Silveira faltou aos outros 13 encontros e justificou a ausência em apenas um deles.

O que diz o deputado

Procurado pelo g1, o deputado disse que é vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e que isso toma muito tempo. Ele afirmou ainda que mantém a vaga na Comissão de Cultura, sem comparecer, para “defender as pautas importantes quando estas são levantadas”.

Ainda segundo Silveira, a entrega da medalha da Biblioteca Nacional não precisa ser feita necessariamente a pessoas ligadas à literatura.

“Sou primeiro vice-presidente na Comissão de Segurança Pública, e esta me toma muito tempo. A narrativa que tentaram levantar, rasa e vazia, sobre a medalha ser entregue apenas a quem colabora com literatura é, além de mentirosa, desinformativa. Recebi, claro, junto a outros deputados, como alta autoridade e colaborador da instituição”, disse Silveira.