Celebridades

Ator de ‘Senhora do Destino’ recorda experiência “horrível” na Bolívia e faz apelo: “Só quero trabalhar”

Agles Steib, de 38 anos, interpretou Maikel Jackson, filho de Rita de Cássia, vivida por Adriana Lessa na trama exibida originalmente, em 2004, na Globo

Agles Steib em Senhora do Destino (2004), e Agles Steib hoje (Foto: João Miguel Júnior/TV Globo e Arquivo pessoal)

O ator Agles Steib, de 38 anos, — que ficou nacionalmente conhecido por interpretar Maikel Jackson, filho de Rita de Cássia (Adriana Lessa) em Senhora do Destino (2004) — passou por momentos delicados no último ano. Semana passada, ele ficou incomunicável ao voltar ao Brasil, deixando sua família preocupada.

“Fui até a rodoviária, em Santa Cruz de La Sierra, para comprar uma passagem para Corumbá (MS), mas lá me venderam uma passagem para a Argentina. Não cheguei a ir para a Argentina. Desci do ônibus, me comuniquei com uma senhora que falava português, porque não falo bem espanhol, e peguei um ônibus até a fronteira. Mas estava sem dinheiro e fiquei incomunicável. Dormi na rodoviária e fiquei três dias sem comunicação. A fronteira está muito perigosa e tudo isso preocupou minha mãe”, conta Agles, que já está na Cidade de Deus, bairro da Zona Oeste do Rio onde mora com a mãe, Leonete Carol, de 62 anos, e a filha mais velha, Mariana, de 15 [ele ainda é pai de Maria Luiza, de 4 anos].

Agles conta que sentiu muito medo quando estava na fronteira. “Eu não tinha dinheiro para colocar crédito no celular e, por isso, fiquei três dias sem falar com a minha mãe. Foram três dias sem comer. Estou magro e abatido. Viam que eu era brasileiro e achavam que eu ia roubar. Estou precisando muito de ajuda, trabalho de faxineiro, de qualquer coisa, eu só quero ajudar minha filha e minha família honestamente. Só quero trabalhar”, afirma, chorando.

OPORTUNIDADE NO EXTERIOR

Ator desde os 16 anos, quando começou no elenco de apoio de Malhação, Agles tem um vasto currículo na TV, que inclui personagens em Senhora do Destino, Linha Direta, A Turma do Didi, Paraíso Tropical, Força-Tarefa e Tecendo o Saber, e no audiovisual, como Turistas, Lilyhammer e Heleno de Freitas. Nos últimos anos, ele passou a produzir esquetes de teatro cristão, além de se dedicar à Steib Produções, empresa que leva seu sobrenome e em que produzia vários trabalhos para o cinema, o teatro, além de clipes e publicidade. Mas, com a pandemia, os ‘jobs’ ficaram escassos e ele resolveu ir tentar a vida fora do Brasil.

“Fui tentar oportunidades na área artística, na Bolívia. Em agosto do ano passado, fui para o Acre e em seguida para a Bolívia. No início, fazia bicos em restaurante, trabalhava na área da Udabol, faculdade de medicina, e fazia diárias por cerca de R$ 100. Tenho duas filhas e o dinheiro que fazia, tentava mandar para elas. Mas não deu para sustentar minhas filhas e o dinheiro só dava para eu sobreviver”, recorda.

Agles lembra que, logo no primeiro mês, passou por uma situação perigosa. “Fui comprar um refrigerante para o Ano Novo e já tinha passado da hora que o comércio fecha por lá. O taxista viu que eu não falava muito bem espanhol e me indicou um mercadinho, falou: ‘ali vende tudo’. Chegando lá, tinham mais de 20 pessoas que começaram a passar a mão em mim, e era um assalto. Levaram meu celular, minha carteira, tudo. Lá é um país perigoso, sem falar que ainda tem desaparecimento de pessoas para o tráfico de órgãos”, explica.

O ator afirma que sempre esteve com a situação legal no país. “Fui para lá com permissão do consulado, para trabalhar, ganhar a vida. Queria abrir um restaurante, aprender espanhol para usar como ator nos filmes e tentar uma oportunidade no audiovisual de lá, que está começando agora. Achei que era uma oportunidade, mas foi horrível”, lamenta. “Eu nunca mais quero tentar uma carreira no exterior. Eles não gostam dos brasileiros, sentia muito isso lá, ficavam rindo da gente, é muito preconceito. Se alguém quer tentar uma carreira lá fora, dou um conselho: tem que se preparar antes de ir. Não é fácil e pode ser muito perigoso.”

TRABALHO COMO ATOR

De volta ao Rio, Agles só quer trabalhar. “Quero voltar a atuar. Mas a disputa é muito grande no meio artístico. Amo a arte. Pedi ajuda ao meu amigo Mumuzinho, estou muito ruim de grana. E não posso ter vergonha de assumir para as pessoas que estou precisando. Estava tudo melhor antes da pandemia. Mas minha produtora começou a cair, não consegui fazer mais trabalhos… Fazia produção de filmes, publicidade, live com artistas”, afirma ele, que, desde 2009, não tem mais contrato com a Globo.

“Minha mãe está fazendo frila na Globo e pagando tudo em casa. A família da mãe da minha filha mais velha ajuda ela, e minha caçula mora com a mãe em outro Estado. Já trabalhei como ajudante de pedreiro, em restaurante. Procuro trabalho também em outras áreas. Mas só que, quando chego nas lojas pedindo emprego, pensam que não estou precisando. Acham que sou ator e não preciso. Muitos que souberam que voltei ao Rio me ligaram: Susana Vieira, Adriana Lessa… Mumuzinho ficou de fazer uns contatos para me ajudar”, acrescenta.

Formado em Artes Cênicas, Cinema e Teologia, Agles também é escritor. “Sou acadêmico em Letras pelo Coninter (Conselho Internacional dos Acadêmicos de Ciências, Letras e Artes). E eu tenho umas frases bem legais no Google. Quero trabalhar. Peço ajuda aqui ao Lauro Macedo e à Dani Ciminelli, produtores de elenco da Globo. Também quero que o Fred Mayrink, que foi meu professor e é diretor artístico da emissora, fique sabendo que estou à procura de trabalho. Se ele ficar sabendo, tenho certeza de que vai me ajudar”, elogia.