O carisma de Gil do Vigor chega antes de sua presença. Ainda na fila da imigração para entrar nos Estados Unidos, o economista e estudante de PhD é cercado por fãs e, prontamente, tira fotos, conversa, se diverte, conta histórias, apresenta a mãe, Dona Jacira, ouve atentamente o que eles têm a dizer. No fim da conversa, até convite para ir comer um bolo mãe e filho receberam. Quem vê de longe e ouve as risadas, pensa que são antigos conhecidos. Mas isso é apenas uma amostra do que é acompanhar o ex-BBB. O sucesso é inegável: mais de 15 milhões de seguidores no Instagram. No Twitter, mais de 3 milhões e no TikTok, mais de 2 milhões. E graças ao inegável carisma que Gil conquistou o público e agora aproveita para conhecer o mundo na companhia da mãe.
Cheio de primeiras vezes, os dois fizeram a estreia em navios no Disney Wish, o quinto cruzeiro da Disney Cruise Line (DCL), que sai da Flórida (Port Canaveral), nos Estados Unidos, com destino ao Caribe, passando por Bahamas e pela Castway Cay, ilha exclusiva da Disney. “Não posso dar o mundo para mainha, mas levo ela para conhecer. É muito mágico poder proporcionar isso a ela”, diz Gil, emocionado. Dona Jacira também não esconde a emoção. “Nunca nem imaginei entrar num navio, não chegava nem a ter esse sonho, porque era uma realidade muito distante pra mim”.
Dentro do navio, os dois continuavam sendo reconhecidos e tietados por onde passavam. Se tivesse algum brasileiro por perto, já se ouvia os gritos de “Brasiiiillll”, um dos famosos bordões do ex-BBB, e a alegria imediatamente tomava conta do ambiente.
A vida, no entanto, nem sempre sorriu para Gil. Nascido em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, a família enfrentou momentos de dificuldade financeira. “É muito difícil não ter uma casa para morar. A gente já morou de aluguel, já foi despejado várias vezes. Tinha que pagar a fiança, aí depois vinha o despejo. Mainha sempre batalhou muito e criou os três filhos sozinha. Agora que posso, quero que ela vigore cada vez mais”.
Por isso, a primeira coisa que ele fez quando conseguiu se estabelecer financeiramente foi deixar a família confortável. “Dei um carro para a minha irmã, uma casa para cada uma das minhas irmãs e uma casa para minha mãe”, diz ele, com lágrimas nos olhos. Falando em dinheiro, Gil já fez mais fortuna na vida que um dia pensou que pudesse fazer. “É muito interessante falar em dinheiro porque eu pensava em ganhar o BBB e não trabalhar mais depois do prêmio. Um milhão e meio pra mim, que ganhava R$ 2.440 numa bolsa… Calcula aí para ver quantos anos consigo ficar sem trabalhar”, diverte-se. “Basicamente, eu morria e ainda sobrava dinheiro. Mas obviamente que a gente tem padrão de vida que muda, aí se eu gastava 2, agora já gasto um tiquinho mais, adoro. O luxo faz parte da minha vida agora”.
Mas o luxo demorou um pouco para entrar na vida do economista, mesmo já milionário. Afinal, o medo de gastar o acompanhou por quase 30 anos. “Até brinquei que logo quando a minha vida mudou e ganhei um dinheiro, eu estava pão-duro mesmo, mão fechada, porque tinha que continuar economizando. Mas aí eu pensei: minha vida mudou e preciso me permitir um pouco de luxo, poder comprar minhas roupas de grife, mas também poder comprar as minhas roupas de feira, que também gosto de roupa feiral, porque não sou obrigado a nada. Parei de me cobrar tanto e me permiti um pouco mais do que eu preciso para viver, porque o dia de amanhã a Deus pertence. Amanhã, deus o livre, Ele me chama para uma outra missão num plano espiritual, eu preciso ter aproveitado pelo menos um pouquinho”.
E o sucesso, claro, tem influência de Dona Jacira, que fez de tudo para que os filhos estudassem para, assim, conseguirem prosperar. “A vida não foi fácil para mim como mãe solo. Fiquei sozinha com os três filhos quando o Gil tinha 3 anos de idade e foi uma luta. Sempre criei os meus filhos dizendo para eles que tem que estudar, porque educação é o único caminho para se quebrar barreira”, enfatiza.
Com dinheiro no bolso e fama, o ex-BBB ainda tem muitos planos para colocar em prática, como se casar e ter filhos. Quando fala em constituir uma família, a emoção vem à tona e o Gil do Vigor da cachorrada e das dancinhas ‘tchaki tchaki’ desaparece. “Brinco muito com a cachorrada, mas o meu sonho é ter uma família. Sou um canceriano raiz, sou uma pessoa romântica. Quero, sim, me apaixonar, casar e ter filhos. Faz parte dos meus planos”, comenta. “Nem falo como sonho, falo como plano mesmo. Porque o sonho pode ser realizado ou não, mas as nossas metas vão se realizar e isso vai acontecer. Sei que em alguma hora Deus vai colocar o meu eleito na minha vida. Quero poder casar, poder viver a minha vida feliz, quero poder continuar com a minha religião no meu coração, ir à igreja com a minha família. Quero ser feliz e viver da forma como escolhi”.
A religião, aliás, está presente na vida de Gil. “Continuo indo para a igreja todo domingo. Tenho glórias e glórias, sou muito bem-recebido”, diz ele, que é mórmon e afirma ter uma conexão muito próxima de Deus. Foi na igreja, inclusive, que Gil descobriu o prazer pela dança, o que ajudou bastante no quadro Dança dos Famosos. “Eu era líder musical e quando ia pros acampamentos, eu era o responsável pela dança. Obviamente que não tive nenhum tipo de técnica de dança, porque não era a minha área de especialização, mas eu dançava para alegrar os jovens”, relembra. “Quando eles chegavam, eu começava a dançar ali, torrando naquele sol, todo suado. Eles desciam do ônibus com um olhar tão bonito, que eu até chorava. A dança tem esse poder. Eu sabia que não ia ganhar o Dança, porque não era dançarino e não tinha corpo para isso, mas me entregava muito e pude reviver isso”.
A dança foi tão importante na vida do ex-BBB, que ele vai se matricular assim que já estiver estabelecido no PhD. “Volto agora em 29 de julho para reorganizar a minha vida. Retorno antes para ver a casa e tudo mais. As aulas voltam em agosto, preciso refazer o preparatório matemático, porque parei. Vou seguir o curso normalmente, em setembro, vigorando e dando o meu gás. Aí pretendo, sim, continuar dançando. Vou me inserir, durante o PhD, em aulas de dança como um momento de lazer, para conseguir manter a saúde. Vai ser um jeito de conciliar o lazer e os estudos. É muito gostoso”, afirma.
Gil do Vigor e Dona Jacira abriram o coração durante o bate-papo. Em um dos momentos mais íntimos, ele contou que seus familiares perderam tudo o que tinham nas enchentes em Pernambuco em junho deste ano, na qual mais de 71 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas após a tragédia. “Essa informação é muito pessoal e as pessoas ainda não sabem. A minha tia foi atingida pelas cheias da chuva em Jaboatão, em Pernambuco, e a casa dela entrou água, tava infiltrando, ela morava numa barreira e corria muito o risco de a casa cair e morrer a minha família inteira. Então, nós tínhamos uma casa que era da minha mãe e eu fui lá e dei de presente para minha tia, de papel passado, para que ela pudesse ter um lugar para ficar. Um lugar seguro para eles morarem, que eles pudessem ficar sem medo. Passamos no papel para que fosse dela. Eu quis dar, falei para minha mãe que fazia questão de dar”.