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Preso por ofensas racistas em biblioteca de SP já agrediu funcionária e ofendeu frequentadores por 5 anos; prisão preventiva é decretada

Vídeo que circula nas redes sociais mostra momento em que homem de 39 anos fez xingamentos racistas e homofóbicos na biblioteca Mário de Andrade. Segundo funcionários, ele já agrediu uma servidora no início do ano.

Reprodução

Wilho da Silva Brito, de 39 anos, foi preso por fazer ofensas racistas em biblioteca de SP

O homem de 39 anos que foi preso na terça-feira (2) após fazer ofensas racistas e homofóbicas na Biblioteca Mario de Andrade, no Centro da capital paulista, ofendeu funcionárias e frequentadores por pelo menos 5 anos, segundo informou ao g1 o coordenador de comunicação da biblioteca, Bernardo Ceccantini.

Um vídeo que circula nas redes sociais registrou o momento em que o homem, identificado pela polícia como Wilho da Silva Brito, repetiu várias vezes que não gostava de negro. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi acionada, e o homem foi encaminhado para a delegacia.

Nesta quarta-feira (3), ele passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, de acordo com o Tribunal de Justiça. O g1 tenta contato com a defesa de Wilho.

“O registro de ocorrências envolvendo esse usuário na Mário de Andrade começou em 2017. Ele sempre falava que era nazista, vinha com camiseta com suástica e fazia ofensas para funcionários e frequentadores negros, destratava eles. No começo do ano, chegou até a agredir uma das funcionárias e foi feito boletim de ocorrência. Chegou um momento em que não dava mais”.

Bernardo explica que devido às constantes ofensas, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania foi acionada e todos os funcionários, junto com a ouvidoria, foram treinados sobre como a abordagem deveria ser feita para que o homem pudesse ser investigado pela polícia caso retornasse com agressões físicas e verbais.

“Até então não havia um vídeo que registrasse as falas dele e algo que provasse como ofendia negros. Foi orientado, então, que assim que ele começasse com as ofensas, falar imediatamente que o comportamento dele não era tolerado. E se ele fizesse mais declarações racistas, acionar a Guarda Civil e Polícia Militar”.

Abordagem e flagrante

Testemunhas contaram que na terça-feira (2) Wilho chegou com o livro “Minha Luta” (“Mein Kampf”), de Adolf Hitler, colocou em uma mesa na área de estudos da biblioteca e começou com as ofensas, além de fazer gestos nazistas.

“As funcionárias fizeram conforme foram orientadas e conseguiram com que ele fosse levado para a delegacia para responder pelas ofensas devido ao vídeo que registrou tudo. Todo mundo estava bem indignado com as falas dele. O que ele fez e fazia é o avesso do avesso do que a biblioteca Mário de Andrade busca, que é o respeito pela diversidade”, diz Bernardo.

A Guarda Civil Metropolitana foi acionada, e o homem foi encaminhado para a delegacia. Em depoimento, ele repetiu as ofensas contra pessoas negras e homossexuais.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP), informou que o caso foi registrado como injúria e preconceitos de raça ou de cor (praticar a discriminação) pelo 2º Distrito Policial (Bom Retiro), onde o homem ficou à disposição da Justiça e aguarda audiência de custódia.

Em nota, a Secretaria Municipal da Cultura, que é responsável pela biblioteca Mário de Andrade, repudiou o fato.

“A Secretaria Municipal de Cultura, repudia veementemente as falas e atitudes nazistas, homofóbicas e racistas do frequentador flagrado na tarde desta terça-feira (2) na Biblioteca Mário de Andrade (BMA), um espaço marcado pelo respeito às diferenças de gênero, raça, orientação sexual e pela celebração da diversidade.”

“Após o ocorrido, o frequentador, que já havia tido problemas anteriores no espaço, foi imediatamente levado para a 77ª Delegacia de Polícia para registro de ocorrência. A Prefeitura ressalta que racismo é crime inafiançável, pela Constituição Federal, lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989”, diz a nota, que finaliza afirmando que “as pastas da Cultura e de Direitos Humanos e Cidadania estão em diálogo para tratar do caso”.