Em pesquisa eleitoral da Quaest divulgada nesta quarta-feira, 3, Lula (PT) segue na liderança da disputa pela presidência da república com 44% das intenções de voto contra 32% de Jair Bolsonaro (PL). Ciro Gomes (PDT) ocupa a terceira colocação com 5% das intenções, seguido de André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB), ambos com 2%. Para falar sobre o resultado do levantamento e sobre as perspectivas da corrida eleitoral o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o CEO da Quaest, Felipe Nunes. O executivo acredita que o presidente ainda tem chances de diminuir a diferença para o candidato petista e afirmou que os benefícios entregues pelo Governo Federal podem influenciar nos números: “Quando a gente avalia as informações desta pesquisa com o que a gente viu no mês passado, na verdade Lula e Bolsonaro oscilaram dentro da margem de erro. Mas é significativa, e isso não pode ser escondido de maneira nenhuma, a tendência que a gente vê nos últimos meses. A distância, que já foi de 18 pontos, hoje é de 12 pontos entre Lula e Bolsonaro no cenário estimulado. O que significa que há movimentos marginais acontecendo ao longo desses meses”.
“Aí você vai me perguntar: ‘Que movimentos são esses? As evidências que a gente tem hoje apontam muito claramente na direção de que há uma percepção dos eleitores brasileiros de melhora em relação aos resultados econômicos e, principalmente, em relação à entrega do Auxílio Brasil. Quando a gente compara as intenções de voto, ou a avaliação do governo Bolsonaro, entre as pessoas que hoje recebem o Auxílio Brasil contra aquelas que não recebem, a gente vê com muita clareza que há uma movimentação no sentido de diminuição da vantagem do Lula nesses que são beneficiados pelo programa, em relação àqueles que não são beneficiados. Isso sugere sim que esse efeito, que ainda vai se dar de maneira concreta quando o dinheiro cair na conta das pessoas, pode favorecer a campanha do presidente Bolsonaro”, projetou.
O CEO da Quaest também avaliou os possíveis motivos que podem estar dificultando o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas. O especialista acredita que a postura do presidente é determinante para frear os possíveis avanços decorrentes da melhora dos indicadores econômicos: “As pessoas começam a reconhecer que o governo faz um trabalho um pouco melhor do que vinha fazendo, mas isso não se reflete com a mesma velocidade e força nas intenções de voto. Se por um lado há uma perspectiva de sensação positiva na lógica da economia, as pessoas ainda rejeitam a figura e as atitudes do governo Bolsonaro”.
“Nessa mesma pesquisa, a gente percebe que, por exemplo, a reunião com embaixadores é o tipo de atitude que o presidente toma para si que não gera no eleitorado brasileiro confiança. Gera sensação de instabilidade e pouca credibilidade. O governo fez um esforço enorme no sentido de tentar gerar resultados políticos através do próprio auxílio, mas o prório presidente se prejudica quando tensiona as instituições e vai de encontro com o que a maior parte dos brasileiros deseja. Esse desencontro da pessoa do presidente e das ações do governo explicam, na minha avaliação, porque as coisas estão andando de maneira lenta. Pode ser que o presidente precise mudar o rumo da sua atitude se quiser ver um resultado político diferente do que ele vem obtendo até o momento”, argumentou.
Questionado sobre como funcionam as pesquisas, Nunes e explicou como se dá o processo e esclareceu que o resultado não tem o objetivo de ser igual ao resultado das urnas: “Pesquisa é diagnóstico de momento, pesquisa não é prognóstico. Ou seja, em momento nenhum a gente está querendo acertar o resultado da eleição, o que a gente está tentando é descrever, neste momento, as intenções de voto”. Na sequência, o especialista detalhou o método utilizado para realizar os levantamentos. Primeiramente, é feito um sorteio para selecionar os municípios que serão consultados: “Esse sorteio é feito a partir de uma lógica probabilística, os maiores municípios tem mais chance de serem selecionados, os menores municípios tem menos chances, porque a gente está lidando com probabilidade. Depois que a gente sorteia as cidades a gente sorteia o setor censitário, o setor é definido pelo IBGE, toda cidade é dividida em setores, e então a gente sorteia os lugares onde as entrevistas vão ser feitas. Porque que o sorteio da cidade e do setor são tão importantes? Porque é o critério mais justo de dar a mesma chance para todo mundo ser selecionado”.
“A gente entrevista um número máximo de seis pessoas em cada setor. Essa amostragem final é feita em variáveis baseadas como sexo, idade, escolaridade, população economicamente ativa e raça. Ou seja, a amostra final tem que representar todos esses indicadores”, detalhou. Após todo o levantamento das respostas ainda são feitas correções estatísticas para corrigir possíveis desvios nos critérios inicialmente colocados. Nunes ainda defendeu a aplicação destes métodos nas pesquisas eleitorais: “Tudo o que a gente faz aqui na Quaest e nos institutos de pesquisa está baseado em teoria estatística. Teorias que são estudadas e comprovadas, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. As pesquisas de opinião começaram a serem feitas na década de 20, então já faz bastante tempo dessa ciência”, explicou.