Acusado é pastor da Igreja Pentecostal Deus de Justiça, em Antares. O caso é investigado pela delegacia de Santa Cruz.
Depois que uma mulher registrou ocorrência na polícia e relatou em uma rede social ter sido vítima de importunação sexual por um pastor na Zona Oeste do Rio, outras vítimas também se encorajaram a denunciá-lo.
“Até então eu achava que ele era um homem de Deus, né? Pregador da palavra, trazia a palavra, libertava. E tem a igreja dele que é no Antares, tudo isso normal. E depois do ocorrido eu vi que ele é um monstro”, disse a auxiliar de loja, Nayara Kelly.
O acusado é Fábio Henrique de Jesus, pastor da Igreja Pentecostal Deus de Justiça, em Antares.
“Ele foi na minha casa. E aí, com o intuito de orar, né? Sem muita demora, eu senti algo na minha perna. Quando eu abri os olhos, ele estava com os órgãos genitais pra fora. Eu fiquei durante toda a oração de olhos fechados, uns dez minutos, no momento que ele se afastou, o meu filho estava sentado no sofá. E se no momento que ele se afastou ele fez alguma coisa com meu filho?”.
“Eu pergunto “filho você viu alguma coisa?’ E quando eu mostro a foto ele fala ‘bateu mamãe’. ‘Filho você viu alguma coisa, ele fala: ‘cueca’. Ou seja, meu filho viu alguma coisa.”
Nayara disse que expulsou o pastor de casa e chamou a polícia. O caso aconteceu no último domingo (31). No mesmo dia, ela fez um post numa rede social denunciando o pastor.
Outras mulheres também relatam terem sido vítimas de abusos. Com medo, elas preferem não mostrar o rosto, mas lembram terem sofrido situações semelhantes. Durante as orações, a ordem é para que elas mantenham os olhos fechados o tempo tempo.
“Botou a gente assim, em círculo e mandou fechar os olhos. Quando eu abri, ele já tava esfregando as partes íntimas atrás da minha comadre e depois passou para outra menina.”
“Depois ele viu que eu estava vendo, ele me botou no meio delas e começou a esfregar minha cara no seio delas. Aí eu peguei, fiquei olhando, eu ia falar só que não dava pra mim falar nada porque a gente tava perto, do lado de uma ribanceira. E ela tava grávida, no final da gravidez e eu fiquei com medo dele fazer alguma coisa ou jogar a gente lá embaixo.”
“Aí depois ele falou, no final da oração, ele me perguntou: ‘você quer falar alguma coisa?’ Mas só que ele falava num tom de ameaça. Aí eu: ‘não, não quero não’.”
“Eu tava de cabeça baixa, eu abri um olho e ele tava atrás da menina. Conforme as pessoas iam subindo no monte, ele ia disfarçando. Entendeu?.”
Depois da denúncia da Nayara, o pastor não foi mais visto. A igreja, que oferecia cultos três vezes por semana, está fechada. O relato da jovem trouxe à tona, ainda, mais histórias de abusos por parte de Fábio Henrique.
Por mensagem, uma das mulheres disse à Nayara: “Eu tô apavorada. Estávamos fazendo uma campanha de sete dias. Ele orava muito próximo a mim. Muito próximo mesmo. Eu ficava desconfortável.”
Outra vítima escreveu: “Eu sei que isso não é mentira sua. Também aconteceu comigo. Na época, como eu tinha acabado de me afastar da igreja, deixei pra lá porque muitos iam dizer que por ele ser homem de Deus, eu estava sendo usada por satanás.”
“Eu espero que todas as pessoas que foram vítimas dele vá até a delegacia, porque quanto mais gente denunciar, mais rápido a gente vai conseguir colocar ele na cadeia, porque ele não pode ficar por aí fazendo o que ele já fez e o que ele mais pode fazer.”
O caso foi registrado na delegacia de Santa Cruz. A polícia disse que está ouvindo testemunhas e coletando informações para esclarecer os fatos.
O RJ1 ligou várias vezes para o pastor Fábio de Jesus, que é o responsável pela Igreja Pentecostal Deus de Justiça, mas ele não atendeu.