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Consul alemão acusado de matar marido alega acidente

Walter Henri Maximillen Biot e o cônsul da Alemanha Uwe Herbert Hahn eram casados há 23 anos — Foto: Reprodução

Em vídeo gravado pela Polícia Civil, o cônsul alemão Uwe Herbert Hah explicou como o marido Walter Henri Maximilien Biot se comportou momentos antes de morrer na noite desta sexta-feira (5). O diplomata está preso.

De acordo com Uwe, o marido estava bêbado e se levantou de repente do sofá, como se tivesse em surto. Em seguida, correu para a varanda, tropeçou e caiu com o rosto virado para o chão.

O diplomata não soube dizer o motivo de Maximillen ter saído correndo.

“Eu não acho que ele tenha caído intencionalmente”, disse o cônsul à delegada Camila Lourenço, assistente da 14ª DP, que conversou com ele durante a gravação.

Questionado sobre o que levou o marido a levantar subitamente e sair correndo, ele disse que não sabia.

“Não, eu não posso te dizer isso [o motivo]. Eu posso te dizer que, nos últimos dias, teve algumas vezes que ele esteve em pânico, nervoso. Algumas vezes que ele estava agindo estranhamente.”

Uwe contou que, ao ver o marido no chão, achou que estivesse bêbado.

“Primeiro, eu pensei que ele estivesse bêbado. Então, eu tirei uma foto dele, na verdade, e mandei para um amigo e disse: ‘Walter está bêbado de novo”.

“Então, eu disse: ‘Vamos, Walter, levante, você precisa ir pra cama, sabe, você não pode dormir aí’. E, então, eu vi o sangue.”

Uwe foi preso pela morte do marido na sexta-feira. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) constatou inúmeros ferimentos na cabeça e no corpo de Biot.

Uwe disse também que o companheiro “tomava pastilhas para dormir” e “bebia muito”.

O Samu foi chamado para socorrer Walter, mas o médico encontrou o belga já em parada cardiorrespiratória e com lesões no corpo — em especial, uma na cabeça e outra nas nádegas — e não atestou a causa da morte.

Lesão na parte posterior
De acordo com o laudo, a lesão que provocou a morte de Biot foi traumatismo craniano na parte posterior do corpo. Contudo, o marido relatou que a vítima caiu de frente para o chão.

“Trauma craniano, em que pese não ter provocado fratura, ainda assim é passível de lesão intracraniana pelo impacto (golpe), contragolpe e aceleração-desaceleração do cérebro móvel”, indica o perito, que não descarta nenhuma possibilidade no momento da queda, até que o corpo tenha girado e batido em algum outro lugar.

Em função disso, ele ressaltou que aguarda a perícia do local e exame toxicológico para definir outras possibilidades.

Morte violenta
A análise do corpo no IML e a perícia no apartamento do casal, em Ipanema, mostraram que o belga foi alvo de uma morte violenta, de acordo com a polícia.

“A conclusão foi baseada na perícia técnica e a versão apresentada pelo cônsul de que a vítima se exasperou e caiu, ela está na contramão das conclusões do laudo pericial. Ele aponta diversas equimoses, inclusive na área do tórax, que seria compatível com pisadura. Lesões compatíveis com agressão por instrumento cilíndrico. O cadáver grita as circunstâncias de sua morte”, disse a delegada Camila Lourenço, da 14ª DP, ao justificar o pedido de prisão do cônsul.