Acusado diz também que crime foi motivado por suposta cobrança de propina
O advogado de defesa dos acusados de matar o auditor fiscal João de Assis Neto neste final de semana, confirmou à reportagem do Alagoas24Horas, que trabalhará com a versão de que o crime foi cometido por apenas um dos irmãos presos pela Polícia Civil. A mãe da dupla também está detida.
Ainda de acordo com o advogado Renan Rocha, o segundo envolvido, que se entregou à Polícia de forma voluntária na tarde desta segunda-feira, 29, teria afirmado em depoimento que nem sua mãe, nem seu irmão, participaram da ação, nem sequer da ocultação do cadáver e que a genitora apenas teria ido buscar o filho no local de descarte do carro da vítima para que ele voltasse para casa, o que nem acabou acontecendo
O advogado ralatou ainda que o crime teria sido motivado por cobrança de propina por parte do auditor, o que estaria acontecendo há pelo menos três meses. Ele cita, inclusive, que a visita ao estabelecimento de seus clientes não estava programada, o que não foi confirmado pela Sefaz.
O homem de 31 anos é o único do trio que possui ficha criminal. Em 2019 ele foi preso por receptação qualificada.
Segundo a versão contada, o estabelecimento seria notificado e deveria pagar multa de R$ 40.000,00 por existir ali mercadoria sem nota fiscal.
Ainda de acordo com a versão do acusado, o auditor teria então proposto receber “por fora” o valor de R$ 10.000,00 e os proprietários pagarem uma multa de R$ 4.000,00, ao que eles responderam “não ter condições de arcar”.
Depois daí uma discussão teria se iniciado, os ânimos se exaltaram e uma briga física teria acontecido na parte de trás do estabelecimento. O auditor teria caído, batido a cabeça e ficado desacordado. Com a vítima já sem sentidos, o autor teria pego uma faca que ficava próximo ao local e desferido pelo menos dois golpes.
Percebendo que o auditor havia morrido, ele teria tido a ideia de transportar o corpo, usando plásticos e pedaços de papelão para escondê-lo em seu próprio veículo e que o teria transportado sozinho, junto com dois galões de combustível, que, segundo ele, mantinha em estoque para usar nos veículos da empresa, mas que não tinha naquele momento “intenção de carbonizar o corpo do auditor”.
Ele deixou o carro estacionado em uma rua próxima, pois temia que alguém visse o que havia acontecido e retornou para buscar o veículo do auditor e levá-lo até o local onde foi encontrado. De lá, ele teria voltado em um mototáxi, momento em que percebeu que ainda estava com o celular da vítima e decidiu jogá-lo em um terreno, sem ter visto a mãe e sem saber onde ela estava.
De volta a seu carro, ele dirigiu até o bairro do Benedito Bentes, se desfez do corpo e ateou fogo a ele , retornando ao estabelecimento da família em seguida. O local estava aberto, mas não havia ninguém atendendo. Ele foi então para a parte onde a briga aconteceu e limpou os vestígios deixados.
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O caso
O auditor João de Assis Neto foi assassinado no final da noite da última sexta-feira (26), no Benedito Bentes, na periferia de Maceió. O seu corpo foi encontrado carbonizado em um trecho da Avenida Cachoeira do Meirim. O carro da vítima foi localizado em uma outra região do bairro.
Um homem de 30 anos foi preso ainda na madrugada do sábado (27) após o celular da vítima, que havia sido jogado em um terreno na cidade de Rio Largo, na região metropolitana de Maceió, ser encontrado e nele conter imagens do estabelecimento pertecente a ele e ao irmão, de 31 anos.
A Polícia Civil chegou a informar que o comerciante revelou que ficou com medo do mercadinho ser fechado e houve uma briga durante uma discussão entre as partes. Um dos suspeitos deu um soco em João, que caiu no chão e bateu a cabeça. Segundo o suspeito que foi preso, o seu irmão – apresentado à Justiça nesta segunda-feira, 29 – teve a ideia de carbonizar o corpo.
Na manhã desta segunda-feira, 29, a mãe da dupla, que teve a prisão temporária decretada pela justiça, foi datida e, segundo a Polícia Civil, confirmou que limpou o sangue do estabelecimento após o crime e que foi até o local onde o veículo da Sefaz foi abandonado para buscar o filho.
Três veículos pertencentes aos suspeitos foram apreendidos, sendo dois utilitários e um Voyage, que foi conduzido pela suspeita até o local onde foi levado o carro da Sefaz. A perícia encontrou vestígios de material biológico (sangue) na L200, utilizada para transportar o corpo de João de Assis.
Para a Polícia Civil, a família operava comercializando produtos frutos de receptação.
O laudo divulgado na tarde de hoje pela Polícia Científica, por meio do Instituto de Medicina Legal Estácio de Lima, confirma que a causa da morte do auditor fiscal João de Assis Pinto Neto foi Traumatismo Cranioencefálico, provocado por instrumento contundente, e que o corpo foi 95% carbonizado depois que a vítima já estava morta.