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Cantor sertanejo é preso em operação da PF contra fraudes na compra de respiradores para o tratamento da Covid-19

Uma parte da fortuna desviada, segundo a PF, foi para tentar impulsionar a carreira musical de empresário. Se for condenado, ele deve cumprir até 18 anos de prisão.

PF de Santos prende Almir Matias em operação contra fraudes na compra de respiradores para Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Federal (PF) de Santos, no litoral de São Paulo, prendeu na manhã desta quarta-feira (31), o empresário e cantor sertanejo Almir Mattias, investigado por fraudar compras de respiradores para o tratamento da Covid-19 em Guarujá. Uma parte da fortuna desviada, segundo a PF, foi para tentar impulsionar a carreira musical de empresário.

A prisão foi realizada pela Operação Ar Puro, que investiga a aquisição de respiradores fraudados com dinheiro da União. De acordo com a PF, os equipamentos eram proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por ter não serem eficientes no tratamento da doença respiratória causada pelo coronavírus.

Nesta quarta-feira, os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão e prisão na cidade de São Paulo. A Polícia Federal confirmou que Matias foi preso durante a manhã e levado para a sede da PF em Santos. Ele foi indiciado por vários crimes, entre eles corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A PF não divulgou quem são os outros alvos da Operação Ar Puro. Se condenados, os investigados devem cumprir penas que variam de 11 a 18 anos de reclusão e multa.

Almir Matias é suspeito de envolvimento em um esquema de corrupção teria desviado 70% do valor que recebeu para gerenciar os serviços públicos da saúde da Prefeitura de Guarujá. Entre os R$ 153 milhões pagos para investir na área, ele ficou com R$ 109 milhões.

Uma parte da fortuna desviada, segundo a PF, foi para tentar impulsionar a carreira musical dele. Almir Matias se diz um cantor profissional, tem até fã-clube nas redes sociais. Ele produziu videoclipe e fez shows. Outra parte do dinhero teria ido para empresas ligadas ao cantor. Teve até salão de beleza que ganhou R$ 12 milhões em plena pandemia.

A Polícia Federal suspeita que organização criminosa era liderada pelo prefeito Valter Suman e a primeira-dama Edna Suman, e tinha o secretário de Educação, Marcelo Nicolau, como operador das transações.

Em entrevista ao Fantástico, o prefeito negou ter proximidade com Almir Matias, porém, há registros de mensagens trocadas com a primeira-dama, Edna Suman, pedindo para ela buscar R$ 50 mil com Almir. Segundo as investigações, essa ação é propina. O prefeito Valter Suman chegou a ser preso. Atualmente, ele responde em liberdade.

Almir Matias
Segundo a PF, Matias é empresário, dono e controlador de entidades que se qualificam como Organizações Sociais. Uma delas foi contratada para gerenciar o atendimento nas principais unidades de saúde de Guarujá entre os anos de 2018 a 2021.

As OS’s firmavam contrato de gestão com as prefeituras para atuarem na administração da Saúde, realizam contratações públicas de modo simplificado e acabam firmando contratações superfaturadas. Os recursos por serviços não prestados são repassados para empresas fantasmas.

De acordo com a Polícia, Cleide Rosa da Silva, esposa de Almir, é coparticipante na organização criminosa, sendo a pessoa que controla a movimentação bancária da empresa por onde foi desviada verba pública e é feita a lavagem de dinheiro.

O g1 não conseguiu localizar, até a publicação desta reportagem, o advogado de Almir Matias.