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PF vê associação criminosa no uso de avião da FAB para tráfico internacional de cocaína

O relatório final da Polícia Federal sobre o uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte de 39kg de cocaína para a Espanha em 2019 apontou associação criminosa, pediu a prisão de dois integrantes da quadrilha e entregou para a Justiça Militar as investigações sobre a utilização das aeronaves. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira pela GloboNews.

Globo News

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Em junho de 2019 um sargento da FAB foi preso em Sevilha, no sul da Espanha, portando 39 quilos de cocaína em voo que integrava a comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PL). À época o presidente tentou se esquivar do escândalo postando em suas redes sociais um pouso em Lisboa. O sargento Manoel Silva Rodrigues, então com 38 anos, foi preso e assim permanece em território espanhol.

Três anos se passaram até a PF encaminhar o relatório final das investigações à Justiça Federal afirmando categoricamente que, sim, houve a participação de militares na associação criminosa que usou as aeronaves para realização de tráfico internacional de cocaína.

Além Manoel, preso na Espanha, o esquema contou com Jorge Luiz da Cruz Silva, também sargento da FAB, que seria o responsável por recrutar pessoas de dentro da instituição para a operação criminosa, em especial militares que façam o serviço de mula, ou seja, de transporte dessa droga. Aparentemente, foi essa a função que coube a Manoel. De acordo com a PF, o esquema é antigo e não funcionou apenas nesse caso de 2019. Já havia uma suspeita dentro da FAB de que a renda de Jorge Luiz seria incompatível com o seu patrimônio e estilo de vida.

A esposa do Manoel, Wilkelane Nonato, desapareceu com R$ 40 mil e um celular onde haveria conversas com a quadrilha e é procurada pela polícia. O sumiço desse aparelho é uma das dificuldades que a investigação encontrou. Além disso, também houve ruídos na comunicação com a polícia espanhola que resultou em muita demora no envio de provas coletadas por eles.

A PF ainda chegou a Marcos Daniel Gama, o “Chico Bomba”, que foi apontado como o dono da droga apreendida na Espanha. Os traficantes civis ainda tinham ciência de que a droga estaria sendo transportada por aviões militares. Não foi divulgado onde o suspeito teria adquirido a droga.

Assim, há duas frentes de investigação, uma da Polícia Federal, em cima dos suspeitos civis por tráfico, e outra da Justiça Militar em cima do esquema de uso dos aviões e aliciamento de mulas dentro da FAB. A PF enviou o relatório para a Justiça Militar apurar as participações dos sargentos Manoel e Jorge Luiz, enquanto a própria PF já pediu as prisões de Wilkelane e Chico Bomba.

O sargento Manoel Silva Rodrigues cumpre pena de seis anos na Espanha, além de ter sido condenado no Brasil a 14 anos e meio de prisão pela Justiça Militar e expulso da FAB em 2022. A PF pediu que a investigação da Justiça Militar seja feita com rigor uma vez que a associação criminosa dentro da FAB seria o elo também entre os suspeitos civis.