Maceió

ONU-Habitat fará levantamento sobre condições de vida na orla lagunar de Maceió

Equipes de campo vão entrevistar, a partir de segunda-feira (3), moradores dos bairros do Bom Parto, Levada, Ponta Grossa, Prado, Trapiche da Barra e Vergel do Lago

Equipe de campo do projeto é composta prioritariamente por pessoas que moram nos bairros estudados. Foto Minne Santos

A partir da próxima segunda-feira (3), o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat Brasil) vai às ruas dos bairros da região lagunar de Maceió para realizar mais uma iniciativa focada na coleta de dados sobre o território. A metodologia desenvolvida será o Perfil Socioeconômico, uma pesquisa domiciliar que visa levantar informações sobre a qualidade de vida em ambientes com condições urbanas precárias.

Aplicada por uma equipe composta por moradores dos próprios territórios envolvidos, o levantamento vai questionar os moradores sobre temas como educação, renda, trabalho, esporte, cultura, lazer, acesso a serviços públicos, habitação, saúde, violência e outros.

“Essa é uma metodologia que o ONU-Habitat também está aplicando em Minas Gerais e que tem o intuito de entender, a partir do diálogo com a população, quais as principais demandas, os pontos de precariedade e as possibilidades que podem ser encontradas na região. É uma das formas mais eficazes de se conseguir informação sobre as áreas mais vulnerabilizadas e vem para complementar o Censo do IBGE, adicionando conhecimento sobre as pessoas dessas regiões”, explica o analista de Dados do ONU-Habitat, Harlan Silva.

Cerca de dois mil domicílios vão receber a visita das equipes de campo nos bairros do Bom Parto, Levada, Ponta Grossa, Prado, Trapiche da Barra e Vergel do Lago. Através dos resultados obtidos com essas famílias, a metodologia vai gerar dados e informações que permitem uma análise completa dos territórios estudados.

“A previsão é que a equipe esteja em campo até meados de novembro, indo nas casas das pessoas, em lugares previamente selecionados, para aplicar um questionário e realizar uma entrevista. Com isso, a gente vai conseguir uma leitura para todos os bairros envolvidos. Conseguiremos ter representatividade para aplicar melhor os estudos, dando subsídio para aprimorar as políticas públicas que estão acontecendo nessa região da cidade e as que ainda podem vir a acontecer”, pontua o analista.

Moradora do Trapiche da Barra há 36 anos, Flávia Andrade é uma das assistentes de Coleta de Dados que vão atuar no bairro. Ela conta que sempre trabalhou voluntariamente no local, mas que essa experiência carrega um sentido diferente.

“O Trapiche da Barra é um bairro histórico, mas que sempre foi esquecido. Essa pesquisa vem para mostrar que tem alguém olhando por ele. Por isso, poder participar do projeto é uma experiência ímpar, um presente. É um sonho estar na sua comunidade, trabalhando e mostrando que você está contribuindo para melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem ali. As pessoas vão se ver em mim também”, comenta Flávia.

Mapeamento completo – A iniciativa complementa outro projeto desenvolvido pelo ONU-Habitat na região lagunar durante o primeiro semestre do ano: o Mapa Rápido Participativo. O estudo visou colher informações sobre a cobertura e a qualidade de infraestrutura e dos serviços públicos relacionados ao local e, assim como o Perfil Socioeconômico, também já havia sido aplicado nas grotas de Maceió.

Juntos, os projetos vão diagnosticar a situação sociodemográfica e econômica das famílias, a mobilidade residencial e o acesso a equipamentos e serviços na comunidade. A expectativa é que ambos sejam finalizados e estejam disponíveis para a sociedade em fevereiro de 2023.