Política

72% dos deputados acusados no Conselho de Ética se reelegeram

Dos 28 deputados representados no conselho nos quatro anos dessa legislatura, 20 deles conseguiram se reeleger

Ser alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara pode dar algum desgaste, gerar notícias desagradáveis na imprensa e obrigar contratar um advogado. Mas parece não ameaçar a carreira política da maioria que responde por alguma acusação nesse colegiado.

Dos 28 deputados representados no conselho nos quatro anos dessa legislatura, 20 deles, que representam 70%, conseguiram se reeleger.

Do total de acusados, apenas dois tiveram seus mandatos cassados: Flordelis (PSD-RJ) e Boca Aberta (PROS-PR). Outros nove ainda seguem respondendo a processo, mas todos foram reeleitos. Entre estes estão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alvo de sete representações, e as também bolsonaristas Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Delegado Éder Mauro (PL-PA). Todos reeleitos, com as maiores votações.

Outros dois reeleitos e com casos ainda pendentes no conselho são alvos das acusações mais pesadas. Josimar Maranhãozinho (PL-MA) foi flagrado numa operação da Polícia Federal manuseando caixas de dinheiro, e Wilson Santiago (Republicanos-PB), que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, em 2019, pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva.

Entre os não reeleitos estão Soraya Manato (PTB-ES), cujo marido, Carlos Manato (PL), disputa o segundo turno do governo capixaba; Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito meses de suspensão do mandato na Câmara, mas que foi preso pelo STF e ganhou indulto de Bolsonaro. Ele não se elegeu senador no Rio.

Algumas deputadas de esquerda também “passaram” pelo Conselho de Ética, mas os casos foram arquivados: Gleisi Hoffmann (PT-PR), Talíria Petrone (PSol-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Maria do Rosário (PT-RS). Todas foram reeleitas.

Até o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi alvo de uma ação no conselho, mas o presidente do colegiado, Paulo Azi (União-BA), num gesto inédito, recusou de ofício. Lira foi acusado de quebra de decoro por ameaçar expulsar do plenário o colega Glauber Braga (PSol-RJ).