Brasil

Delegado é preso suspeito de integrar tráfico de drogas

Vídeos de apreensões de tráfico de drogas e bordão “a cana é certa”. Foi assim que Rafael Gomes ganhou fama em Minas Gerais. O delegado de narcotráfico de Juiz de Fora e região foi preso na quinta-feira (20) em um condomínio de luxo suspeito de integrar uma quadrilha envolvida com esquema de tráfico de drogas no estado. O grupo pode ter movimentado R$ 1 bilhão nos últimos anos.

Em muitas das aparições, o servidor da Polícia Civil mostrava como “era por trás” das apreensões de drogas. Em abril deste ano, Rafael Gomes chegou a receber uma moção de aplausos por uma operação de combate ao crime.

Nascido em Ubá, cidade da Zona da Mata mineira, o delegado tem 37 anos e participou das Eleições 2022 como candidato a deputado estadual. Ele teve pouco mais de 8.400 votos e foi qualificado como suplente do partido Avante. Em 2018, o delegado também se candidatou para o mesmo cargo e recebeu mais de 20 mil votos, mas não se elegeu.

Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a descrição dos bens totaliza R$ 543.596,30, entre eles a casa onde ele foi preso na quinta-feira, localizada em um condomínio de luxo da cidade, avaliada em R$ 522.760,37.

Após a ação, o delegado foi levado para a Casa da Polícia Civil em Belo Horizonte. Na manhã desta sexta-feira (21), uma audiência de custódia será realizada. O advogado dele, Luiz Eduardo Lima, conversou com a reportagem, mas disse não ter tido acesso aos autos e preferiu não se manifestar.

Operação ‘Transformers’
Além de Rafael Gomes, outros seis investigadores da Polícia Civil também foram alvo da Operação “Transformers”. Os nomes deles ainda não foram informados oficialmente e todos eles faziam parte da mesma equipe em Juiz de Fora.

Ao todo, conforme a promotoria, foram 250 mandados, com 26 prisões, 61 mandados de busca e apreensão, 148 mandados de sequestro de veículos, 10 mandados de sequestro e indisponibilidade de imóveis, apreensão e indisponibilidade financeira de R$ 55 milhões.

Jet ski apreendido durante operação do MPMG em Juiz de Fora — Foto: PRF/Divulgação

Movimentação de R$ 1 bilhão
As investigações, que duraram aproximadamente 2 anos, mostraram que a organização criminosa é estruturada em diversos núcleos, entre os quais estão os setores responsáveis pela:

logística, que envolve o fornecimento de veículos para o transporte e pagamentos de cargas de drogas;
setor financeiro, que cuida da parte gerencial da atividade econômica, notadamente do tráfico de drogas e da lavagem de dinheiro;
setor de corrupção, responsável por proteção dos negócios ilícitos com informações privilegiadas de atividades policiais e demais condutas para evitar a responsabilização de integrantes da organização;
núcleo de liderança, que coordena e controla as atividades.
Informações obtidas também por meio de ordem judicial indicam que eles podem ter movimentado quase R$ 1 bilhão nos últimos 5 anos.