Youtuber, músico e humorista foi ameaçado por vizinhos, mãe e filho, no condomínio onde morava em São Paulo
Paulo Vieira participou na noite desta quinta-feira (20) do protesto em frente ao prédio onde Eddy Jr. foi alvo de ataques racistas e ameaças de morte de dois vizinhos, mãe e filho, na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Em suas redes sociais, Paulo compartilhou vídeos da manifestação, em que ele segurava um cartaz escrito “nenhum preto vai ficar sozinho”. Em um edifício próximo ao local, havia um projeção com a frase “fogo nos racistas”.
“Foi só mais um caso de racismo essa semana. A gente sabe que o racismo é uma coisa que persiste nesse país. Interessante que foram casos com pessoas públicos, como Seu Jorge. Esses casos escancaram a crueldade do racismo”, declarou Paulo em entrevistas.
Eddy Jr. deixou apartamento
Eddy Jr., de 28 anos de idade, deixou o condomínio depois do ocorrido. Em seu Instagram, ele contou que sofre com ameaças da mulher, identificada como Elisabeth Morrone e do filho desde abril.
O episódio do elevador, segundo ele, aconteceu na última segunda-feira (17) e os vídeos foram publicados por ele nas redes sociais na terça (18).”Ela não quis usar o mesmo elevador que eu. Ela falou que ‘não sabe o que eu estava fazendo aqui’, que esse tipo de gente ‘não pode morar aqui’ e que ‘não sei como tem dinheiro para morar aqui’. Aí, eu gravei ela me chamando de macaco, começou a me chamar de urubu”, disse Eddy.
“‘Macaco, imundo, feio, urubu, neguinho, um perigoso que não merece morar aqui, uma pessoa que oferece riscos para os moradores desse condomínio’, foi isso tudo que eu tive que ouvir ontem por ser preto… Pra finalizar tive que ficar dentro da minha casa sofrendo ameaça de morte e calúnias sobre mim novamente por ser preto…Ser impedido de entrar no mesmo elevador da moradora branca por ser preto também… Não sei descrever o sentimento que tô sentindo, venci fazendo as pessoas sorrirem e isso não vai mudar. Vou continuar fazendo vocês sorrirem, porém agora vai ser um pouco mais difícil. Beijo pra todos que gostam de mim, espero que vocês compartilhem isso e façam essa mulher pagar pelo CRIME que ela cometeu…”, postou ele em seu Instagram.
O humorista, conforme mostram imagens de segurança do condomínio, já sofreu ameaças de morte: Elisabeth e o filho já foram à sua porta com objetos cortantes, como facas e garrafas, em setembro.
“Acabei de prestar meu depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo, gostaria de agradecer a toda equipe da delegacia pela sensibilidade na forma de conduzir o caso. Deixo também meu agradecimento aos repórteres que estão realizando uma cobertura sensível e tão importante desse caso”, postou Eddy em seu Twitter, na noite de quarta-feira (19).
“Como o dr. Martin Luther King disse: EU TENHO UM SONHO! De que ninguém passe por tudo o que estou passando. Obrigado equipe por cuidar de mim e de todo esse processo para que eu possa continuar fazendo o que tanto amo que é fazer humor e música! Não fui o primeiro e nem o último… Quero que fiquem em paz… vou continua fazendo meu humor minhas músicas e vou continuar vencendo… Pela minha mãe pela minhas irmãs e por vocês que gostam dos meus conteúdos”, ainda postou ele.
Eddy ainda explica por que manteve a calma ao sofrer os ataques racistas. “Sabe por que eu não me alterei e não me exaltei no vídeo? Sabe o porquê da minha calma? Porque esse tipo de gente não merece nem isso de mim, vim pro mundo com um propósito, alegrar pessoas, e não é uma racista que vai fazer eu perder isso…”, explicou.
“Hoje eu sofri uma das coisas mais tristes da minha vida, pensei mil vezes em não postar o vídeo por causa da minha mãe que é uma senhora de idade, por causa das minhas irmãs, fiquei pensando como ela iam se sentir vendo eu passar por isso…”, ainda lamentou Eddy na web.