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Boné CPX: centro comunitário entra com ação civil pública contra Flávio Bolsonaro, Mário Frias e Carla Zambelli

Políticos associaram sigla em boné usado por Lula ao tráfico. O Centro Social Comunitário Favela em Desenvolvimento pede indenização de R$ 1,8 milhão por danos morais coletivos. "O objetivo é que a gente tenha mais respeito", diz coordenador do Centro.

O Centro Social Comunitário Favela em Desenvolvimento ajuizou uma ação civil pública contra o senador Flávio Bolsonaro, o ex-secretário federal de Cultura e atual deputado federal Mário Frias e a deputada federal Carla Zambelli.

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Selo Fake

O centro pede indenização de R$ 1,8 milhão por danos morais coletivos. O motivo, segundo o centro social, é o compartilhamento de notícias falsas sobre o significado da sigla CPX em um boné utilizado pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio.

O Fato ou Fake publicou que é falsa a informação que CPX faça referência a uma facção criminosa.

As letras CPX formam a abreviação de “complexo de favelas”, mas bolsonaristas, entre eles os três políticos, distorceram o significado, para fazer uma associação do petista ao tráfico.

Os advogados que representam o Centro Comunitário ainda pedem a exclusão dos post envolvendo o tema, sob pena de multa de até R$ 30 mil diários em caso de descumprimento.

“Os réus passaram a compartilhar e referendar mentiras a respeito do significado do termo grafado no acessório, indicando que aquela sigla seria uma alusão ao crime organizado do Rio de Janeiro, e se referindo ao Complexo do Alemão como ‘QG do Comando Vermelho’, consciente, dolosa e equivocadamente comparando os cidadãos que vivem naquela localidade a bandidos”, diz um trecho da petição inicial.

Segundo o documento, a honra e a dignidade dos moradores do Complexo do Alemão foram “cruelmente atacadas e violadas pelos réus por um motivo absolutamente torpe: subverter o uso que a favela dá a uma sigla de identificação como meio de atingir a imagem de seu adversário”.

Rennan Leta, coordenador do Centro Comunitário, afirmou que outras instituições, como o Instituto Marielle Franco, o coletivo Fala Akari, a Federação de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj) e o Coletivo Marginal, da Cidade de Deus, também estão no processo.

“Assim que aconteceu toda aquela repercussão, eu vi que era necessário. Eles fazem, fazem, fazem, falam e saem impunes. O objetivo é que a gente tenha mais respeito”, disse ele.

O dinheiro pedido pela ação civil pública, segundo Leta, será totalmente revertido para instituições de favela que promovam educação e cultura. “Para mostrar que favela não é feita por bandidos, são moradores. Toda mentira, as fake news não vão prevalecer mais”, finalizou o coordenador do centro.

Procurados, Mário Frias e Carla Zambelli não se manifestaram até a publicação desta reportagem. A assessoria de Flávio Bolsonaro afirmou que procuraria o g1, mas não deu resposta até a publicação da reportagem.