Delegacia de Homicídios entendeu que não houve flagrante de Iago Lacê Falcão. Sua apresentação e confissão desqualificaram ainda o pedido de prisão temporária.
O laudo da necropsia da técnica de enfermagem Rita Nogueira, de 27 anos, indica que ela foi morta por asfixia. A análise do Instituto Médico Legal já está pronta, e indica ainda que a jovem apanhou antes de morrer, uma vez que tinha várias equimoses (manchas roxas) pelo corpo.
O documento não conseguiu determinar se Rita foi morta por estrangulamento ou esganadura, devido ao avançado estado de decomposição do corpo.
Rita estava desaparecida desde o domingo (13), e só foi encontrada na terça-feira (15), morta e amarrada em uma casa abandonada em Bento Ribeiro. O local foi indicado por Iago Lacê Falcão, de 26 anos, que trabalhava com Rita, e com quem ela se relacionava há pouco tempo.
Iago confessou o assassinato de Rita na Delegacia de Homícios da Capital, onde se apresentou, e ainda narrou aos investigadores a dinâmica dos fatos e onde abandonou o corpo da jovem depois de matá-la. A casa em Bento Ribeiro, segundo vizinhos, pertence à família de Iago.
O documento do IML aponta ainda que não houve violência sexual.
Suspeito segue solto
Mesmo com tantas evidências, Iago Lacê Falcão seguiu solto. A explicação está na desqualificação do flagrante e na colaboração com a investigação, que deixaram a Polícia Civil sem instrumentos para pedir a prisão.
De acordo com o professor de direito processual penal da PUC-Rio André Perecmanis, a prisão em flagrante, mais usada pela polícia, não estava caracterizada no caso, uma vez que ele não tinha acabado de cometer o crime e, como apresentou em sede policial e colaborou com as investigações, descaracterizou a prisão temporária também.
“O delegado poderia fazer um pedido à Justiça alegando que a prisão seria imprescindível para a investigação, para colher mais provas no inquérito ou que seria necessária para a garantia da ordem pública dada alguma possibilidade do suspeito atrapalhar as investigações ou fugir. Mas, como o suspeito se apresentou, colaborou com as investigações e tem residência fixa, todas as alegações para prisão temporária não estão presentes”, explica Perecmanis.
Ministério Público já foi acionado
Perecmanis explica ainda que a lei prevê uma outra possibilidade de prisão e que poderia se aplicar no caso, que é a prisão preventiva, como garantia da ordem pública ou por causa de comoção social. Mas esta só cabe ser pedida pelo Ministério Público.
Procurado pelo g1, o MP informou que recebeu o inquérito do caso na tarde da quinta-feira (17), e que na manhã desta sexta-feira (18), a 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Violência Doméstica Rio de Janeiro se manifestou.
“Os requerimentos feitos pela polícia já foram remetidos para o Juízo. Em razão do sigilo necessário para conclusão das investigações, não serão fornecidas outras informações”, informou em nota.
Também nesta sexta (18), Igor Ferreira, ex-noivo da técnica de enfermagem Rita Nogueira, esteve na Delegacia de Homicídio da Capital (DHC), na Barra da Tijuca, nesta sexta-feira (18), para cobrar a prisão do principal suspeito pelo crime.
“Com 33 dias de se conhecer, o cara (Iago) achou que era o dono dela e fez essa atrocidade. Eu espero que seja solucionado logo, que o Iago seja preso, porque um monstro desse não pode continuar vivendo em sociedade”, disse Igor na porta da DH.
Rita Nogueria foi sepultada na quinta-feira (17) no Cemitério de Nilópolis.
Iago Lacê Falcão é estudante de enfermagem e morador de Jacarepaguá, na Zona Oeste. Em uma rede social, ele diz ter experiência com a área de saúde da mulher.
O suspeito se apresenta como presidente e membro fundador da Liga Acadêmica de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Atualmente, diz ser monitor de Ensino Clínico de Saúde da Mulher, de forma prática e teórica.