O Brasil se despede neste sábado (19) do Complexo da Juventus, em Turim, na Itália, onde passou a última semana em preparação para a estreia na Copa do Mundo, quinta-feira (24), contra a Sérvia. Na viagem para Doha, no Qatar, além das bagagens, a seleção leva um período de treinos intensos.
Foram cinco dias de trabalhos no campo no CT do clube italiano. Nos dois primeiros, Tite praticamente só assistiu aos treinamentos comandados pelo preparador físico Fábio Mahseridjian e seus auxiliares Cléber Xavier e Matheus Bachi. O foco ali ainda era recuperar todos os jogadores e deixá-los em condições físicas parecidas para treinarem com um pouco mais de intensidade.
Foi o que passou a acontecer a partir de quarta, quanto Tite já direcionou o trabalho para o que a Sérvia pode oferecer na estreia no Mundial.
Pelo que a imprensa pôde acompanhar, a comissão técnica tem uma preocupação com os perigos que a dupla Dusan Vlahovic e Aleksandr Mitrovic pode oferecer como referências no ataque. A Sérvia costuma ter jogadores abertos pelo lado, Filip Kostic e Darko Lazovic. O Brasil vai pressionar para não deixar que bolas sejam alçadas na área, e isso foi bastante trabalhado.
Tanto para treinar o balanço defensivo, quando formas de saída de jogo, que foi o trabalho da quinta-feira, Tite usou o auxílio de um monitor de TV na lateral do campo para mostrar em imagens o que gostaria. Esses vídeos são editados pela equipe brasileira com trechos de movimentações que já aconteceram ou em jogos do próprio Brasil ou, como no caso, envolvendo a Sérvia.
Na quinta, o Brasil também treinou bastante bolas paradas defensivas, outra forte arma da Sérvia, uma seleção que tem média de altura de 1,87m – sete centímetros acima do Brasil. Jogadas feitas pelos rivais também foram mostradas por Tite aos jogadores no televisor.
Esse “detalhamento” nos trabalhos foi elogiado por jogadores. “Já temos um padrão, uma forma de jogar, de defender, se comportar. E essas coisas pontuais ele trabalha nesse momento, a força da Sérvia, onde é a força deles, onde eles tentarão explorar nosso. Mas outras a gente trabalha para repetir nosso padrão. Ele vem sendo muito detalhista no que ele trabalha e no que ele quer. Na bola parada, ele mostrou movimentos importantes em vídeos. São coisas assim. Ele está sendo muito feliz nesse começo de preparação”, disse Marquinhos.
“Vemos o time preparado. Jogadores entrando, saindo, e time sempre bem armado. É também por isso, por essa maneira de preparar todos, ser esse treinador detalhista. Ajuda bastante”, completou.
Nos trabalhos, também foi comum ver os jogadores conversando, principalmente, com os auxiliares quando eles comandavam as atividades, ajustando posicionamentos, tirando dúvidas… Um pedido de Tite para que todas as atividades sejam “sem filtro”.
“Acompanhei a preparação para as duas Copas do professor. A experiência da última Copa está trazendo muita vantagem. Desde que acabou a última Copa. Aqui na seleção, ele fala, é sem filtro. Não tem tempo de trabalhar pouco a pouco. É tudo muito intenso, muitas informações passadas, desde o primeiro dia. Não é como o clube que tem tempo, pré-temporada, primeiros jogos de adaptação. Tem que ser tudo mais rápido. O que tiver que ser falado, tem que ser falado, mostrado. Mudanças têm que ser rápidas para o que não tiver dando certo. Os mínimos detalhes fazem diferença”, afirmou Marquinhos.
Na última Copa, Tite foi criticado, por exemplo, por não ter promovido mudanças no ataque. Gabriel Jesus passou o Mundial sem fazer um gol sequer, mas Roberto Firmino não ganhou sua vaga.
Mas não foi só os movimentos defensivos que foram treinados pelo Brasil em Turim. Também na quinta, o trabalho inicial teve foco em aprimorar duas formas de saída de bola. Os jogadores foram divididos em dois times e fizeram a mesma atividade, em campos separados, sem adversários.
Na sexta, quando Tite comandou o único coletivo do período na Itália, sem a presença da imprensa, a comissão quis ver esses movimentos sendo executados.
Ainda não foi possível, porém, ver definição do time titular que iniciará contra a Sérvia, mas sim alguns indícios. Todas as formações trabalhadas tinham dois pontas no ataque (Raphinha e Vinicius Jr. são os favoritos para jogar nessas posições), e Lucas Paquetá foi testado atuando do lado de Casemiro (em função onde Tite tem também Fred e Bruno Guimarães como opções).
O Brasil desembarca em Doha, no Qatar, ainda neste sábado. Já no domingo, treino no país da Copa, um dos quatro que antecederá a estreia contra a Sérvia na quinta.