Só dois dias após o desaparecimento da técnica de enfermagem Rita de Kássia Nogueira Matias Santos, de 27 anos, o namorado dela, Iago Lacé Falcão, de 26 anos, procurou o pai Reginaldo, para pedir que o ajudasse a se entregar à polícia. Ao perguntar ao filho o que havia ocorrido, Iago “disse ter acontecido um acidente envolvendo a namorada”. A informação consta no depoimento de Reginaldo aos investigadores da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), obtido com exclusividade pelo EXTRA.
Rita de Kássia foi encontrada nua numa casa da família do namorado, em Bento Ribeiro, Zona Norte do Rio, desocupada há cerca de oito anos. O imóvel era usado em festas de parentes. Ao comparecer à delegacia no último dia 15 com a advogada, Iago informou aos policiais que o corpo da jovem se encontrava lá. A última vez que a vítima havia sido vista pela mãe, com quem morava, tinha sido no dia 13.
O casal mantinha um relacionamento há três meses, desde que ela terminou um noivado que durou 10 anos. Rita e Iago eram colegas de trabalho na Maternidade Leila Diniz, na Barra da Tijuca: ela era técnica de enfermagem, cursando a faculdade de enfermagem, enquanto Iago já é enfermeiro.
Embora os pais de Iago tenham declarado que o filho contou que tudo passou de “um acidente”, sendo motivado por uma discussão, em seu relatório representando pela prisão cautelar temporária do acusado, o delegado-adjunto Marcus Drucker, da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), advertiu que os relatos de familiares de Iago eram carentes de detalhes.
Disse ele na representação: “Vale observar que os termos de declaração dos familiares de Iago Lacé Falcão são sucintos, carentes de informação e tendenciosos, fruto de uma história mal contada pelo autor do fato, que somente decidiu expor à família o que havia feito dois dias após tirar a vida da vítima”.
Ao procurar a DHC, ele confessou o crime e apontou o local onde o cadáver se encontrava. No entanto, a perícia constatou que Rita não fora assassinada na casa de Bento Ribeiro, pois havia sinais de que o corpo tinha sido arrastado. Baseados nas informações do próprio acusado, os peritos estiveram num hotel em Sulacap, na Zona Oeste. O registro do livro do estabelecimento revelou que o carro de Iago entrou às 22h08 e saiu às 4h13. Para a polícia, a dinâmica no crime foi de que ela foi assassinada no hotel e depois transportada na mala do carro do acusado até a casa da família, na Zona Norte.
O delegado adjunto André Renato Ramos, que deu início às investigações, entendeu que por causa da apresentação espontânea do acusado e de sua confissão informal, além do tempo decorrido entre o fato e a notícia sobre o desaparecimento, não havia situação de flagrante, então, liberou o autor do crime. Devido a isso, Drucker pediu a prisão cautelar temporária por 30 dias de Iago à Justiça, deferida pelo juiz da 1ª Vara Criminal da Capital, Adriano Celestino Santos.
O laudo de exame de necropsia do Instituto Médico-Legal confirmou que a vítima morreu por asfixia mecânica pela constrição no pescoço.