Política

Por recomendação médica, Lula adia viagem a Brasília e pode colocar avanço da PEC em xeque

Por recomendação médica, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adiou a viagem a Brasília, prevista, inicialmente, para a noite desta terça-feira (22). A CNN apurou que os médicos que acompanham o petista entenderam que Lula precisa de ao menos uma semana de repouso para se recuperar da cirurgia a qual foi submetido no domingo (20).

Lula foi internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para a retirada de uma lesão na garganta. Além do repouso, o presidente eleito também começou a fazer sessões de fonoaudiologia.

O tratamento, segundo pessoas próximas ao petista, começou na segunda-feira (21) e a viagem à capital federal, de acordo com os médicos, poderia interromper a terapia considerada fundamental no pós-operatório.

O adiamento da viagem de Lula a Brasília coloca em xeque o avanço da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que abre um espaço de quase R$ 200 bilhões no Orçamento do próximo ano fora do teto de gastos.

De acordo com parlamentares que estão à frente das negociações do texto no Congresso, havia a expectativa de que, ao desembarcar na capital federal, o presidente eleito tomasse as rédeas das negociações.

Como mostrou a CNN nesta segunda, integrantes da futura base do governo eleito têm reclamado e alertado membros da transição sobre o que chamam de “paralisia” em relação à PEC. Deputados e senadores disseram à CNN, em caráter reservado, que sem Lula o avanço da discussão é colocado em xeque.

Esses parlamentares dizem que, diante desse cenário, é ainda mais urgente que o presidente eleito “empodere” um interlocutor graduado para negociar o avanço da PEC no Congresso. Embora o senador eleito Wellington Dias (PI-PT) tenha desempenhado o papel de articulador da proposta, a avaliação no Legislativo é a de que é preciso que Lula delegue oficialmente esse papel.

Além da discussão sobre o texto da PEC em si, a cobrança de aliados é que o petista precisa ter um interlocutor graduado no Congresso para trabalhar a consolidação de uma base que consiga aprovar a proposta.

Segundo relatos feitos à CNN, apesar da falta de comando, o texto lapidado da proposta deve ser apresentado nesta quarta-feira (23). A nova proposta, de acordo com parlamentares que viram a minuta, vai limitar o Bolsa Família fora do teto por quatro anos.