A vitória sobre a Suíça, por 1 a 0, garantiu o Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo. Com a classificação, o jogo contra Camarões, na próxima sexta-feira (2), dá a chance a Tite de escalar jogadores que não foram titulares ainda no Qatar, repetindo algo que aconteceu em 2002.
Na campanha do pentacampeonato, o time de Luiz Felipe Scolari também chegou ao terceiro jogo com 100% de aproveitamento e garantido na próxima fase. Felipão, então, deu descanso a nomes como Roque Júnior, Roberto Carlos e Ronaldinho Gaúcho, e ainda assim o Brasil goleou a Costa Rica por 5 a 2.
A possibilidade já está no radar da seleção e tem seus defensores, como o capitão Thiago Silva, que alertou, na saída do gramado, que o Brasil teria um dia a menos de descanso já pensando nas oitavas de final caso todos os considerados titulares atuem diante de Camarões.
“Isso vai da comissão técnica. No tempo de hoje, a gente tem algumas coisas que influenciam muito no tempo de recuperação. A comissão é muito capacitada. Se a gente jogar o próximo jogo, o jogo das oitavas, teoricamente, é menos tempo de recuperação. Então acho que a gente tem que pensar um pouco nisso. Mas tenho certeza que a comissão está ciente dessas situações.”
Alex Sandro, lateral-esquerdo titular, que nesta segunda pediu para ser substituído após sentir um problema no músculo adutor da coxa é outro que defende o “rodízio” de titulares.
“Nosso objetivo de passar de fase, conseguimos. É também uma boa oportunidade de, talvez, provar outros jogadores, aqueles que jogaram menos minutos ou não jogaram. Com essa classificação, se pode provar outros jogadores”, disse ele, que deu lugar a Alex Telles contra a Suíça.
Antes mesmo do início da Copa, Tite havia dito que teria a preocupação com o período em que a Copa está sendo realizada, o que obrigou que o calendário europeu também fosse compactado, exigindo mais dos atletas. Na estreia contra a Sérvia, por exemplo, assim que o Brasil marcou o segundo gol, ele passou a tirar seus titulares do ataque, mais propensos a desgaste físico.
Outro indício que Tite pensa em rodar o time contra Camarões é que ele elogiou bastante os reservas que entraram nesta segunda. “Bruno Guimarães, Antony, Gabriel Jesus entraram muito bem. Telles também. Essa força da equipe ajuda o time. Quem entra, ajuda o time.”
Já seu auxiliar César Sampaio, fugiu de qualquer pista. “Vamos primeiro fazer uma análise física e fisiológica para decidir, mas antes vamos desfrutar da vitória de hoje”, despistou. “A gente tem um privilégio de ter um elenco muito bem qualificado. Essas opções nossas de reposição nos dão até trabalho para eleger o atleta. Mas a confiança é muito grande.”
Se pode mudar os nomes, Tite não mexerá na estrutura do time. “Sistema se mantém, mesmo trocando nomes. Existem três variáveis do sistema e vocês são sabedores delas”, afirmou.
Nas laterais, Daniel Alves e Alex Telles podem substituir Militão e Alex Sandro. Fabinho, Bruno Guimarães e Rodrygo têm chance de aparecer no meio, com Everton Ribeiro atrás na disputa pela mesma posição com o jovem do Real Madrid. Já pelas pontas, Antony na direita (onde Raphinha é titular) e Martinelli na esquerda (de Vinicius Jr.) são os mais bem cotados.
Já no comando de ataque, Gabriel Jesus tem vantagem na disputa com Pedro, mas Richarlison não parece concordar muito com Thiago Silva e Alex Sandro na inclinação pelo descanso. “Temos mais três dias para recuperar bem, acho que não faz diferença”, afirmou ele, querendo jogar.
Há quatro anos, em 2018, já com Tite, o Brasil não teve chances de poupar no último jogo da primeira fase, já que empatou na estreia contra a Suíça e precisou ainda confirmar a vaga diante da Sérvia na terceira partida. Voltando mais no tempo, além de 2002, em 2006 e 2010, a seleção também foi mexida para o terceiro jogo – até Rogério Ceni estreou na Alemanha no lugar de Dida.
No Qatar, ainda sem poder contar com Neymar, correndo contra o tempo para se recuperar da lesão ligamentar do tornozelo direito, a seleção enfrenta Camarões na próxima sexta, às 16h (de Brasília).