Rarison Ricardo dependia de série de aparelhos e família lutava por tratamento neurológico adequado. Falecimento foi noticiado em página que relatava jornada do modelo.
Morreu aos 34 anos, nesta quarta-feira (30), o modelo Rarison Ricardo, vítima de um acidente de trânsito e que vivia há 9 anos em coma, dependendo de aparelhos para sobreviver. O falecimento foi comunicado em uma página na internet mantida por familiares e amigos, e que relatava a jornada de Rarison.
“Profundamente consternadas, as famílias Miranda e Vitória comunicam o falecimento de Rarison Ricardo Miranda Vitória, aos 34 anos, no fim da tarde desta quarta-feira, 30 de novembro, após 9 anos de incansável luta pela vida. Em breve, serão informados local e horário do velório e sepultamento”, anunciou a publicação, por volta das 20h.
Não foi detalhado se Rarison estava internado ou em casa, e nem a causa da morte.
O modelo passou 9 anos vivendo estado vegetativo, numa rotina bem diferente da que tinha antes de sofrer um acidente aos 25 anos, no dia 16 de novembro de 2013, na Rodovia Josmar Chaves Pinto, que liga Macapá à Santana, a antiga JK. Uma das dificuldades sempre foi conseguir um tratamento neurológico adequado para ele.
Ele morava em Santana e, em 2018, o g1 acompanhou a rotina de cuidados em casa, feitos principalmente pela mãe, a enfermeira Rosely Almeida, de 56 anos. Foi a única vez que ela permitiu que um veículo de comunicação produzisse e divulgasse fotos de Rarison.
Em 2020, o apagão no fornecimento de energia elétrica que afetou o Amapá deixou a mãe de Rarison preocupada, já que ele dependia dos aparelhos. Ela tentou adaptar a rotina aos horários com o serviço tão essencial.
“Durante todo esse período do apagão, eu não pude manter nenhum aparelho do meu filho. Nesse período, ele desenvolveu pneumonia, eu não tinha aparelho para aspirá-lo. O colchão pneumático secou e abriram feridas nele de pressão que precisam ser cuidadas. Ele não tinha nenhum suporte relacionado a energia, que é o que ele mais necessita”, descreveu Rosely, em novembro de 2020.
Os custos para manter Rarison vivo iam desde contratação de médicos e especialistas, à compra de remédios, alimentação específica, fraldas e outros produtos de higiene pessoal. Ele não conseguia se movimentar sozinho, sofreu alguns danos, como as atrofias, e convivia com uma sonda de gastrotomia, por onde se alimentava.
Em 2014, o modelo chegou a ser encaminhado para Belo Horizonte, em Minas Gerais, mas não recebeu o tratamento que precisava, porque a unidade de saúde não era especializada. Ele retornou para o Amapá 11 meses depois, em 2015, após a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) atender a uma decisão da Justiça Federal para o transporte de volta.
Nestes 9 anos, ele passou por pneumonias, paradas cardíacas, contraiu bactérias, e conseguiu sair do coma profundo, mas permaneceu em coma vigil, vivendo sobre uma cama em um quarto dentro de casa, sem conseguir se movimentar sozinho.
Apesar das restrições, a mãe detalhou ao g1 em 2018 que o filho estava conseguido se recuperar lentamente, como movimentar os olhos, a cabeça e as mãos, e ainda tentava estimular as cordas vocais como se quisesse falar.
“O amor que eu tenho pelo meu filho me faz acreditar que ele vai ter boa qualidade de vida. Algumas pessoas acham que eu acho que ele vai levantar, andar. Eu gostaria desse milagre, mas eu não tenho essa ilusão”, afirmou Rosely em entrevista ao g1 há 4 anos.
Acidente
Segundo a família, o carro de Rarison sofreu um capotamento após perder a direção na madrugada do dia 16 de novembro de 2013, em uma rodovia. Além dele, também estavam no veículo mais dois amigos, que não sofreram graves lesões. Na época, a informação divulgada era de que Rarison era o motorista, mas depois, segundo a mãe, a família descobriu que um amigo dirigia o veículo.
Com o impacto, o modelo sofreu traumatismo cranioencefálico. Ele foi levado para o Hospital de Emergências (HE) de Macapá e também foi internado no Hospital de Clínicas Alberto Lima (Hcal) 12 dias depois.